Foi inaugurada na passada sexta-feira a 29ª FARAV – Feira de Artesanato da Região de Aveiro que decorre de 15 a 24 de Agosto de 2008 no Parque de Exposições de Aveiro e inclui a Feira de Gastronomia de Aveiro.
Esta feira deverá, no nosso entender, conjugar harmoniosamente objectivos económicos e sociais, devendo merecer a maior atenção por parte dos seus promotores, dado ser a mais importante das poucas montras do artesanato e da gastronomia regional que entre nós se realizam, sectores que relativamente ao seu mérito e importância são pouco acarinhados e atravessam uma notória crise.
Daí termos visto com bons olhos as alterações que foram introduzidas nesta 29ª edição, nomeadamente relativas ao calendário, preços e prémios no sentido de tornar a feira mais atractiva e concordamos inteiramente com o director de Projectos e Marketing da AveiroExpo Sr. Diogo Machado quando afirma que a participação na FARAV dos municípios em grande número é uma “parceria estratégica” e aponta como objectivo atingir os 35.000 visitantes, valor que, infelizmente é bastante inferior aquilo que seria desejável.
No entanto, a nosso ver, é necessário ir mais longe e propor novas medidas para atrair mais pessoas à feira. E, com isto, não queremos minimizar ou deslustrar as que foram tomadas. Apenas afirmamos que, no nosso entendimento, são insuficientes para dar a volta à crise e não são suficientes para captar mais expositores e, principalmente, mais visitantes à feira.
Por exemplo. Não concordamos muito que se pretenda captar visitantes à custa de um sempre dispendioso plano de animação constituído por espectáculos. Afinal trazer pessoas à feira para, a caminho de um qualquer concerto, darem uma apressada vista de olhos à exposição, não nos parece a melhor forma de promover o artesanato ou a gastronomia que ali se pretende divulgar e que é o verdadeiro motivo da exposição. Até porque em concertos há por aí concelhos vizinhos que são especialistas.
Mais. Cremos que pode prejudicar os próprios participantes no programa de espectáculos e, certamente, todos os promotores que pretendessem eventualmente promover esses espectáculos noutros locais da cidade e noutras ocasiões.
De facto todos temos vindo a constatar que este usado (e abusado) modelo de oferta de espectáculos "chamariz" nem sempre dá os melhores resultados pois os espectáculos acabam muitas vezes por não receber a atenção do público que a sua qualidade deveria merecer e, fundamentalmente, pouco contribuem para o fomento do "negócio" que se pretende promover.
Este dinheiro poderia servir para muitas coisas. Para apoiar mais os expositores ou para criar incentivos à vinda de visitantes verdadeiramente interessados no artesanato ou na gastronomia. Por exemplo: Não seria interessante que o preço do bilhete de entrada pudesse ser deduzido na primeira compra de artesanato ou produtos regionais ou na refeição feita nesse dia na feira? Não seria interessante criar sorteios diários ou "happy hours" de peças de artesanato, produtos regionais ou refeições baseados no número do bilhete de entrada? Prémios que seriam adquiridos pela organização aos expositores (eventualmente a preços especiais), em vez gastarem o dinheiro destinado à promoção com espectáculos, interessantes sem dúvida, mas que podem desviar as atenções do fundamental? Isto como mero exemplo que hoje não estamos para puxar muito pela cabeça.
Finalmente um aspecto que não poderíamos deixar passar em claro. Embora não nos consideremos fundamentalistas no que ao bairrismo diz respeito, não podemos concordar que o Sr. Engº Ribau Esteves, autarca por quem todos temos a maior consideração, perante a ausência do Dr. Élio Maia e a habitual abulia do Engº Carlos Santos que representava a Câmara de Aveiro anfitriã e patrocinadora do evento, se visse compelido a fazer as honras da casa, a dirigir a cerimónia de inauguração da FARAV e a liderar a tradicional visita aos stands presentes na feira, o que, diga-se de passagem, nos disseram ter feito muito bem!
Esperemos que o Dr. Élio Mais não deixe de agradecer a fineza e, tão cedo quanto a sua agenda lhe permita, vá a Ílhavo retribuir o favor inaugurando uma das inúmeras feiras que por lá se realizam. Pode já ser na próxima semana no "Festival do Bacalhau" que vai ocorrer no renovado Jardim Oudinot.
Embora eu não me acredite muito que o Eng.º Ribau Esteves o vá convidar. É que me parece que ele é muito senhor do seu nariz relativamente às "suas" feiras e às "suas" obras. Pois se nem convidou quem mandou elaborar e seguiu de perto a feitura do primitivo plano de recuperação daquela área de lazer. Plano que, diga-se a verdade, não foi muito adulterado. Felizmente!