Aveiro Capital da Arte
Como os leitores do Margem Esquerda sabem Aveiro foi recentemente assaltada por algumas “instalações” com que, alegadamente, se pretendeu homenagear a figura desse Aveirense ilustre que foi José Estevão.
“Intervenções culturais” profundamente inovadoras e empreendedoras, baseadas em novas escolas artísticas que fazem furor na estranja e são repletas de profundo significado simbólico.
Quando ontem, atrasadíssimos (contra o que é o nosso costume), nos dirigíamos em passo acelerado para a Assembleia Municipal, lobrigámos uma nova “instalação” que nos pareceu ser constituída por duas colagens, tendo entre si uma tarja explicativa do seu conteúdo. Apressados, olhámos de relance para essa nova "intervenção cultural" e dirigimo-mos para a sessão da AM deixando para mais tarde a análise detalhada da obra que, segundo nos disseram, tinha ali sido deixada por uns senhores com uns apitos, como preito de homenagem ao nosso líder Municipal.
Mal acabaram os trabalhos dirigimo-nos para o local para a apreciar mas já só tivemos tempo de vislumbrar um jovem senhor, parco na altura mas para o anafadote que, manifestando a sua profunda falta de visão e de respeito pela referida obra de arte (bem como pela inovação e pelo empreendorismo dos seus promotores), violentamente a arrancou e retirou dos locais onde estava colocada.
E, não fora mão amiga que nos fez chegar uma fotografia de parte da referida “instalação”, não tomariamos conhecimento de que se tratava de uma, justa e profundamente simbólica, homenagem à actuação política do nosso actual Presidente, utilizando a técnica artística da colagem que, como todos sabem, teve em Picasso e Braque os seus principais impulsionadores.
A Introdução desta técnica artística constituiu, aliás, uma verdadeira revolução, que rompeu com séculos de pintura tradicional e tornou-se o arquétipo de todas as vanguardas tendo sido eleita como principal meio de expressão por movimentos como o Dadaísmo. Daí eu crer que só um espírito culturalmente retrógrado poderia ter perpetrado tal vandalismo cultural.
Ainda por cima a obra, em que aparecia uma meia banana descascada encimada pela efígie do nosso Presidente é, a nosso ver, detentora de um profundo e marcante simbolismo que o inculto e falho de vistas que a destruiu, não conseguiu vislumbrar (nem sequer lendo a tarja explicativa).
E até nós que nestas coisas da arte somos profundamente caturras, conseguimos descodificar:
- A banana apresenta uma bonita cor amarela o que indicia que, tal qual o nosso Presidente, está “madura”.
- A banana é um fruto sem caroço. Tão óbvio que nem necessita de explicação.
- As bananas constituem o quarto produto alimentar mais produzido no mundo, a seguir ao arroz, trigo e milho. O nosso Presidente está, actualmente, em quarto classificado (com tendência a descer) na lista de candidatos do PSD às próximas eleições autárquicas.
- A bananeira não é uma verdadeira árvore mas sim um pseudocaule. Ora o nosso líder municipal, como todos sabem, também não actua como um verdadeiro Presidente de Câmara mas sim como um pseudopresidente.
- Depois de cortadas as bananas oxidam em contacto com o ar assumindo rapidamente uma cor cinzento-escuro, prenúncio do que acontecerá ao nosso Presidente se não obtiver o visto do TC. para o empréstimo.
- As bananas contêm tripofano que, como sabem, tem o efeito do Prozac. Ora a actuação do nosso Presidente (ou a sua falta), tem criado muitos casos depressivos entre os seus apoiantes que, à mingua de melhor, se refugiam no consumo de bananas.
- As bananas são o símbolo de uma república que tem servido como arquétipo à actuação do nosso executivo municipal.
- Finalmente, sonhar com bananas é sinal de prosperidade nos negócios e de dinheiro (não é isso que estão a pensar). Coisa com que o nosso Presidente sonha de noite e de dia.
E, por agora, chega. Mas, como cada pessoa tem a sua própria visão de uma manifestação artística, iríamos pedir aos leitores que aqui complementassem este trabalho, apresentando as suas sugestões sobre o simbolismo da colagem.