domingo, maio 11, 2008

A ASAE e a Política

Quem, como eu, tem a desdita de ter de almoçar com frequência fora de casa, tem certamente notado melhorias significativas no estado das instalações sanitárias, no cuidado e qualidade dos produtos que nos servem à mesa e na higiene das, quase sempre, inacessíveis cozinhas e despensas dos restaurantes, desde que a ASAE começou a funcionar.

Melhorias que, felizmente, se têm estendido por muitos sectores e actividades o que tem permitido que os consumidores nacionais, até aqui quase totalmente desprotegidos, se sintam progressivamente mais defendidos e confiantes na qualidade daquilo que consomem.

Esta admiração pelos préstimos da ASAE não invalida a minha opinião de que tem cometido excessos, que nada abonam em favor da missão que deve desempenhar e têm minado a sua imagem e autoridade.

Em devido tempo aqui tentei alertar para o ridículo de alguns desses excessos, coisa que, se bem percebi, o Sr. Presidente da República também tentou fazer (aliás com elevado êxito mediático) quando visitando a cozinha do “nosso” Convento de Arouca, onde assistiu a uma mostra de doçaria conventual, perguntou: “E, então, a ASAE ainda não veio cá?”

Reconheço que a imagem da ASAE ficou, desde o princípio, diminuída quando o seu Inspector-Geral foi apanhado a fumar onde não devia. E que essa imagem se deteriorou profundamente quando todos assistimos na televisão à preparação de agentes da ASAE à imagem de verdadeiros militares de operações especiais e da publicitação mediática de algumas “operações” que, a nosso ver, feriram profundamente a imagem pedagógica e discreta que a organização deveria assumir.

No entanto, a recente incoerência e atabalhoamento das respostas dadas pelo Sr. Inspector-Geral à divulgação pública de um documento que fixava os objectivos operacionais para as suas direcções regionais, deixam-lhe poucas saídas e o bom-senso exige que assuma as consequências dos seus actos. Evitando criar problemas a quem, nesse particular, pode decidir por si.

Mesmo achando necessária a existência de um Plano de Actividades Anual, não podemos concordar com o excesso de se quantificarem objectivos operacionais (metas ou resultados previsíveis como lhe queiram chamar) para os inspectores. E que tal documento tenha sido enviado, mesmo que por engano, num ficheiro informático para as direcções regionais.

Não podemos é aceitar que seja Paulo Portas, o tal das 62.000 fotocópias de documentos classificados, dos milionários contratos dos 12 helicópteros sem contrato de manutenção e dos submarinos, dos Jacintos Capelo Rego que recheiam as contas do seu partido, isto para falar apenas de alguns casos recentes que me vieram à lembrança, que, num mal ensaiado e inusitado ardor populista se utilize deste facto para dele tentar retirar dividendos políticos que sirvam para suster a, anunciada, derrocada do seu partido no próximo acto leitoral.

A menos que já esteja a preparar a sua estratégia eleitoral e que, à falta de argumentos políticos válidos pretenda, desta forma inqualificável, servir-se deste facto para reforçar a sua posição junto dos feirantes, onde amiúde faz a sua campanha. Estou mesmo a ver o slogan: "Votem em mim. Eu chateio quem vos chateia".

É absolutamente deplorável. Tão deplorável que pior só um cantor pimba de 3ª vir agora comparar a ASAE à PIDE, acusando-a de perseguir os cidadãos. Mesmo que esse pretenso cantor (e político) já tenha ocupado lugares de alto dignitário nacional no hemiciclo de Estrasburgo. E tenha saudades...

Mas não cremos que seja desta forma que consiga “créditos” que lhe permitam regressar. Mas nunca se sabe que, pelas “bandas” dele, anda tudo a saque.

2 Comments:

At domingo, maio 11, 2008 9:29:00 PM, Blogger Marechal Ney said...

Exmo. Senhor Presidente da C.P.C.P.S.A.:

Sim, realmente o responsável da ASAE, tem dado demasiados tiros nos pés oferecendo inúmeras deixas ao inimigo.

Porém surpreende-me a abordagem do semanário com insuspeita influência, que é o caso do Expresso, publicar a "caixa" que publicou, na primeira página.Não saiu dignificado.Prestou um mau serviço à comunidade, ao contrário da sua função primeira que é informar bem, equilibradamente,e assim formar, desinformou e quiçá fez o frete a algum lobbing.

Do Marèchal Ney

 
At segunda-feira, maio 12, 2008 10:10:00 PM, Anonymous Anônimo said...

A ASAE se fosse mais pedagógica e menos repressiva se calhar tinha os aplausos de toda a gente.

Imagine que fechavam os 150000 cafés e bares que o director da ASAE preconiza? Quem vai dar de comer a esta gente? Pois é, é com estas e com outras, que no nosso poder estão a germinar cada vez mais ditadores. O cabecinha deste poder já tem o doutoramento nesta matéria e nem precisou de ir á feira dos treze para o obter.

 

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