Vou-me embora vou partir, mas tenho esperança Percorrer o mundo inteiro, quero ir Quero ver e conhecer, rosa branca E a vida de um marinheiro, sem dormir
E a vida de um marinheiro, branca flor Que anda lutando no mar, com talento Adeus adeus minha mãe, meu amor Que eu hei-de ir hei-de voltar, com o tempo
Adeus adeus minha terra, vou partir Mal de ti jamais direi, a ninguém Dar ao mundo muitas voltas, quero ir Mas não sei se voltarei, nota bem.
País de Abril é o sítio do poema. Não fica nos terraços da saudade não fica nas longas terras. Fica exactamente aqui tão perto que parece longe.
Tem pinheiros e mar tem rios tem muita gente e muita solidão dias de festa que são dias tristes às avessas é rua e sonho é dolorosa intimidade.
Não procurem nos livros que não vem nos livros País de Abril fica no ventre das manhãs fica na mágoa de o sabermos tão presente que nos torna doentes sua ausência.
País de Abril é muito mais que pura geografia é muito mais que estradas pontes monumentos viaja-se por dentro e tem caminhos veias - os carris infinitos dos comboios da vida.
País de Abril é uma saudade de vindima é terra e sonho e melodia de ser terra e sonho território de fruta no pomar das veias onde operários erguem as cidades do poema.
Não procurem na História que não vem na História. País de Abril fica no sol interior das uvas fica à distância de um só gesto os ventos dizem que basta apenas estender a mão.
País de Abril tem gente que não sabe ler os avisos secretos do poema. Por isso é que o poema aprende a voz dos ventos para falar aos homens do País de Abril.
Mais aprende que o mundo é do tamanho que os homens queiram que o mundo tenha: o tamanho que os ventos dão aos homens quando sopram à noite no País de Abril.
Cidade Sem muros nem ameias Gente igual por dentro gente igual por fora Onde a folha da palma afaga a cantaria Cidade do homem Não do lobo mas irmão Capital da alegria
Braço que dormes nos braços do rio Toma o fruto da terra É teu a ti o deves lança o teu desafio
Homem que olhas nos olhos que não negas o sorriso a palavra forte e justa Homem para quem o nada disto custa Será que existe lá para os lados do oriente Este rio este rumo esta gaivota Que outro rumo deverei seguir na minha rota?
José Afonso: textos e canções, Assírio e Alvim Tema incluído no álbum "Como se fora seu filho"
"A utopia com que sempre sonhei é concretizável" Zeca Afonso
É possível falar sem um nó na garganta É possível amar sem que venham proibir É possível correr sem que seja a fugir. Se tens vontade de cantar não tenhas medo: canta.
É possível andar sem olhar para o chão É possível viver sem que seja de rastos. Os teus olhos nasceram para olhar os astros. Se te apetecer dizer não grita comigo: Não.
É possível viver de outro modo. É possível transformares em arma a tua mão. É possível o amor. É possível o pão. É possível viver de pé.
Não te deixes murchar. Não deixes que te domem. É possível viver sem fingir que se vive. É possível ser homem. É possível ser livre livre livre.
Todos sabemos que, cada vez mais, as mulheres estão a assumir as rédeas da autoridade e do poder. Daí que, actualmente, se assista à execução e apresentação pública de um sem-fim de estudos científicos a elas dedicados.
E como há mulheres que não se sentem bem se não tiverem uns (bonitos e caros) sapatos de salto (bem) alto calçados, Paul Stevenson, da Universidade de Surrey, realizou, recentemente, um interessante estudo para o Instituto Nacional de Física, destinado a determinar a altura máxima do salto de sapato que uma mulher pode usar, sem que o equilíbrio seja prejudicado. Desta forma pretende ajudar as mulheres a escolherem os sapatos certos para cada ocasião social.
Tendo-se baseado, como afirma, no Teorema de Pitágoras chegou à seguinte fórmula:
H = Q(12+3S/8)
Em que:
H é a altura máxima do salto, S é o tamanho do pé, e Q é um factor sociológico cujo valor, variando entre 0 e 1 é assim definido:
Q = [ p (y+9) L ] / [ (t+1) (A+1) (y+10) (L+£20) ] em que:
p é a probabilidade de, ao calçar os sapatos, conseguir ficar mais alta (0 – salto raso). y é o número de anos de experiência no uso de saltos-altos L é o custo dos sapatos (em libras) t é o tempo que passou desde que o sapato era o expoente máximo da moda (0 – o que está na moda neste momento). A - unidades de álcool consumidas (pode deitar todos os outros por terra)
Baseado nesta fórmula, o Professor Stevenson afirma que Sarah Parker (a intérprete de Carrie na série o Sexo e a Cidade) consegue calçar saltos de 12,5 cm se estiver sóbria, mas apenas consegue calçar saltos de 2,5 cm se tiver bebido o álcool que vemos na série.
É um trabalho interessante que gostaria que comentassem. Mas desde já aviso que, dado o seu carácter científico, não permitirei comentários foleiros do tipo, “entre nós e dado o estado dos passeios em Aveiro a altura encontrada tem de ser dividida por quatro”, ou “por uma questão de abaixamento do centro de gravidade, se a mulher for loira, temos de multiplicar o valor obtido por dois”.
UM GRIFO come caviar, num restaurante de luxo. Bebe vinho branco do Reno, porque o champanhe lhe faz cócegas no nariz e provoca espirros, com grande estardalhaço.
Segue-se lagosta suada e acaba a refeição com dois cafés e um whisky. Fica algum tempo a falar com o chefe de mesa, depois levanta-se e sai.
Outro cliente chama o chefe de mesa e pergunta-lhe se o grifo é cliente habitual do restaurante.
«Oh, não! É um ser muito retirado, raramente aparece, embora saiba que temos a maior honra em lhe oferecer o jantar.»
«Quer dizer que não paga?»
«Oh, não!» (abusava de exclamações, o chefe de mesa). «Como disse, é uma honra para nós. É um ser fabuloso, existe nos contos e nos bestiários, como nos atreveríamos a apresentar-lhe uma conta?»
O cliente, nesse mesmo dia, conta o ocorrido a uma esfinge amiga. No dia seguinte, a esfinge vai ao restaurante de luxo. Mas dizem-lhe que está cheio, que só com marcação. Propõem-lhe emprego, como supervisora dos assados. A esfinge aceita.