domingo, abril 02, 2006

O GRIFO E A ESFINGE

UM GRIFO come caviar, num restaurante de luxo. Bebe vinho branco do Reno, porque o champanhe lhe faz cócegas no nariz e provoca espirros, com grande estardalhaço.

Segue-se lagosta suada e acaba a refeição com dois cafés e um whisky. Fica algum tempo a falar com o chefe de mesa, depois levanta-se e sai.

Outro cliente chama o chefe de mesa e pergunta-lhe se o grifo é cliente habitual do restaurante.

«Oh, não! É um ser muito retirado, raramente aparece, embora saiba que temos a maior honra em lhe oferecer o jantar.»

«Quer dizer que não paga?»

«Oh, não!» (abusava de exclamações, o chefe de mesa). «Como disse, é uma honra para nós. É um ser fabuloso, existe nos contos e nos bestiários, como nos atreveríamos a apresentar-lhe uma conta?»

O cliente, nesse mesmo dia, conta o ocorrido a uma esfinge amiga. No dia seguinte, a esfinge vai ao restaurante de luxo. Mas dizem-lhe que está cheio, que só com marcação. Propõem-lhe emprego, como supervisora dos assados. A esfinge aceita.

Posted by Picasa José Alberto Oliveira