O GUARDADOR DE REBANHOS

Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.
Alberto Caeiro
6 Comments:
Ontem o Pregador
Ontem o pregador de verdades dele
Falou outra vez comigo.
Falou do sofrimento das classes que trabalham
(Não do das pessoas que sofrem, que é afinal quem sofre).
Falou da injustiça de uns terem dinheiro,
E de outros terem fome, que não sei se é fome de comer.
Ou se é só fome da sobremesa alheia.
Falou de tudo quanto pudesse faze-lo zangar-se.
(Alberto Caeiro)
Dr. Raul,
Por gostar muito de Alberto Caeiro, não resisto a transcrever mais este:
O Guardador de Rebanhos (XVI)
Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois
Que vem a chiar, manhãzinha cedo, pela estrada,
E que para de onde veio volta depois
Quase à noitinha pela mesma estrada.
Eu não tinha que ter esperanças - tinha só que ter rodas...
A minha velhice não tinha rugas nem cabelo branco...
Quando eu já não servia, tiravam-me as rodas
E eu ficava virado e partido no fundo de um barranco.
(Alberto Caeiro)
Olhe se algum "filhinho" toma isso à letra e respeita o seu pedido....
Caro (cara palpita-me) Pé de Salsa,
Fico admirado com o seu bom gosto e sensibilidade.
Pelo menos fiquei a saber a que geração pertence.
Caro anónimo
Uma recomendação. Leia mais. O filho a que o heterónimo de Fernando Pessoa se referia era o Menino Jesus.
Caro rm,
Muito obrigado pela sua informação. Afinal, a selecção assentou em critérios meramente literários...
E eu que pensava que o meu caro amigo escolhia criteriosamente os textos em função do ataque do dia! Como fui injusto!!! Queira desculpar.
Caro Raul, obrigado por ter trazido para a "blogosfera" um pouco de cultura...essa "coisa estranha" que muitos portugueses teimam em manter á distância.
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