terça-feira, abril 11, 2006

UTOPIA

Cidade
Sem muros nem ameias
Gente igual por dentro
gente igual por fora
Onde a folha da palma
afaga a cantaria
Cidade do homem
Não do lobo mas irmão
Capital da alegria

Braço que dormes
nos braços do rio
Toma o fruto da terra
É teu a ti o deves
lança o teu
desafio

Homem que olhas nos olhos
que não negas
o sorriso a palavra forte e justa
Homem para quem
o nada disto custa
Será que existe
lá para os lados do oriente
Este rio este rumo esta gaivota
Que outro rumo deverei seguir
na minha rota?


José Afonso: textos e canções, Assírio e Alvim
Tema incluído no álbum "Como se fora seu filho"

"A utopia com que sempre sonhei é concretizável"
Zeca Afonso
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2 Comments:

At sexta-feira, abril 14, 2006 12:11:00 PM, Blogger Pé de Salsa said...

Caro Dr. Raul

Que bom é podermos ter a grande honra de contarmos com poetas assim, como Manuel Alegre, que é nosso e nunca morrerá.

Porque vale a pena recordar, permita-me transcrever para este seu espaço, a "Canção" de Cecília Meireles:

Motivo

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.

(Cecília Meireles)

 
At sexta-feira, abril 14, 2006 12:18:00 PM, Blogger Pé de Salsa said...

Afinal...a Revolução dos Cravos que a todos nos ofereceu a Liberdade (assim a saibamos utilizar), foi especialmente trabalhada e preparada pelos nossos Poetas.
Entre eles, o Manuel Alegre mas também o sempre também "nosso" Zeca Afonso.
A este último, fisicamente desaparecido, a minha homenagem e gratidão.
Pé de Salsa

 

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