sábado, agosto 23, 2008

Crónicas de férias - 8 - Noites Quentes de Verão

Satânico é meu pensamento a teu respeito, e ardente é o meu desejo de apertar-te em minha mão, numa sede de vingança incontestável pelo que me fizeste ontem.

A noite era quente e calma e eu estava em minha cama, quando, sorrateiramente, te aproximaste.
Encostaste o teu corpo sem roupa no meu corpo nu, sem o mínimo pudor!
Percebendo minha aparente indiferença, aconchegaste-te a mim e mordeste-me sem escrúpulos. Até nos mais íntimos lugares.

Eu adormeci.

Hoje quando acordei, procurei-te numa ânsia ardente, mas em vão.
Deixaste em meu corpo e no lençol provas irrefutáveis do que entre nós ocorreu durante a noite.

Esta noite recolho-me mais cedo, para na mesma cama te esperar.
Quando chegares, quero te agarrar com avidez e força. Quero te apertar com todas as forças de minhas mãos.

Só descansarei quando vir sair o sangue quente do teu corpo.
Só assim, livrar-me-ei de ti, mosquito fdp!!!!!

Carlos Drumond de Andrade

1 Comments:

At sábado, agosto 23, 2008 10:52:00 AM, Blogger ZÉ FAGOTE said...

Eu acho que há muita coisa que tem de ser mudada na religião.
Esta coisa de pecarmos por Pensamentos, Palavras e Obras, está mal. Tem de ser alterada.
As pessoas devem ser livres, porque cada vez mais cada um pensa por si.
Tudo evolui, o pensamento deve ser fértil e indomesticável.
A criatividade é importante mesmo naquilo que se vê, ouve ou lê.
Ao continuarmos com regras ancestrais um dia destes o céu vai ser um vazio maior do que existe em alguns partidos políticos em que todos os dias aparecem figurões a contestarem figurinhas, contrariando as regras estabelecidas, e devem ser as regras que estão mal, não as pessoas.
Eu, no caso em apreço quando lia o pensamento do falecido, imaginei situações de quando estou a pescar:
Muitas vezes venho a praguejar por ter tido um bom peixe, ou “peixa”, não sei, a mordiscar, a mamar sem abocar o anzol e ter de vir para casa murcho sem conseguir que o peixão se tenha vindo comigo.
Por isso, cada um deve ser livre e pensar sem penalizações no que gosta para ser feliz.
Eu, já sabe, gosto mesmo é de pescar!

 

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