sexta-feira, outubro 10, 2008

A estrada da beira e a beira da estrada


Cedo aprendi que a estrada da beira não é a mesma coisa que a beira da estrada. E que, em matéria de finanças, nem sempre o que se diz corresponde exactamente ao que está escrito. Que é o que vale! É que as finanças são uma disciplina muito mais de ver do que de ouvir.


Escrevi ontem este post sob reserva, baseado na informação que me foi dada que a primeira das hipóteses do aumento de encargos para o empréstimo dos 58 milhões, proposta pela CGD, seria uma comissão adicional de 0,125% pagável trimestralmente, como aliás o spread base de 0,14%, o que grosseiramente transformaria o "spread" em cerca de 0,265%. Como sabem para cálculo dos encargos a este valor há que adicionar a taxa Euribor a 3 meses.

O que aqui está escrito é profundamente diferente. A CGD propõe (exige?) o pagamento de uma comissão adicional de agenciamento e disponibilidade de fundos de 0,125% ao trimestre.

Ora isto é completamente diferente daquilo que escrevi baseado no que ouvi da boca de outros. Isto significa que esta taxa adicional anual é (desprezando os efeitos da capitalização composta), de 0,5% (4 x 0,125%), o que adicionado ao spread base de 0,14% dá um valor total de "spread" de 0,64%, mais do quádruplo do inicialmente previsto. A este "spread" há que somar a taxa Euribor a 3 meses, actualmente em cerca de 5,38%, valor bastante distante daquele que existia em 27/11/2007, data em que foi assinado
o contrato que caducou com a recusa de visto do Tribunal de Contas, que era de cerca de 4,58%.

Em alternativa é apresentada uma hipótese nova de taxa nominal fixa de 5,9%.


Aqui fica a devida rectificação.

4 Comments:

At sábado, outubro 11, 2008 4:40:00 AM, Blogger RM said...

Nota:
A fotografia do post parece ser muito antiga. Basta clicar para ver. Ainda é do tempo em que o 3º mundo só começava em Oliveira do Hospital.
Raul Martins

 
At domingo, outubro 12, 2008 3:07:00 AM, Blogger Carlos Martins said...

yeap... taxa "ao trimestre" efectiva de 0,125% anualizada... sao mais 0,4991% de spread.

se por acaso lockarem a taxa fixa, ponho as maos a cabeça...

 
At domingo, outubro 12, 2008 6:45:00 AM, Blogger RM said...

Caro Carlos Martins,

Então prepara-te com uma boa dose de linimento para os ombros pois cheira-me que é o que vão fazer.
Mas, deixa que te diga, também era pedir muito. Entre duas hipóteses escolherem logo a certa. Não me acredito. Se acontecer é a primeira vez!

Deixa lá isso. São só mais uns milhõezitos. Trocos para a capacidade financeira da CMA.

Lá vão ter que actualizar o valor da concessão do estádio para 70 milhões de euros para o Plano de Saneamento Financeiro bater certo.

Isto na hipótese de terem pensado que a alteração das taxas do empréstimo vai ter consequências altamente penalizadoras nos encargos aumentando-os em 3 ou 4 milhões de euros (lá se vão os 21 milhões que o Élio dizia e cada vez mais o valor se aproximam os 24 milhões que eu sempre disse e de que ele se ria chamando-me incompetente)e consequentemente nas despesas durante o período a que se reporta o PSF. Logo as receitas vão ter de ser ajustadas a esta nova realidade.Isto para não falar das fragilidades jurídicas da solução de reformulação de um contrato aparentemente caducado. Bem aqui não estou tão preocupdo, até talvez seja uma solução pois dá perda de mandato.

Mas eu sei que pedir para pelo menos uma vez fazerem as coisas bem feitas seria pedir muito.

Coitados dos credores da Câmara a quem mais uma vez vão ser dadas falsas esperanças de serem ressarcidos daquilo que há tanto tempo lhes é devido. E ainda por cima já estou a ver o Élio e a bancada de entendidos nesta questão do PSD a gritar aqui del-rei que o Partido Socialista quer entrapar o empréstimo para prejudicar a acção política da Câmara, sem se aperceberem que quem tem originado este triste folhetim é a sua arrogância e incompetência.

Olha. Vou dar uns tiritos para ver se afogo estas minhas mágoas. Que sei também serem as tuas.

Abraço
Raul Martins

 
At segunda-feira, outubro 13, 2008 3:44:00 PM, Blogger RM said...

Caro Carlos Martins,

Como vês eu tinha razão e tu vais ter de comprar o linimento. Ficam a perder oa aveirenses que vão ter de desembolsar mais umas lecas (uns milhões mais propriamente como o futuro há-de demonstrar).

Pelo menos pelo que diz a notícia da OLN

http://www.oln.pt/noticias.asp?id=17164&secc=1

"A Câmara de Aveiro decidiu optar pela taxa fixa de 5,9 por cento para manter o contrato de empréstimo de 58 milhões de euros a contrair junto da Caixa Geral de Depósitos. Esta operação representa um encargo adicional de 2,1 milhões de euros face à anterior situação.

A taxa fixa aprovada é “ligeiramente inferior” à do segundo classificado no concurso do empréstimo.

A autarquia recusou uma comissão trimestral de 0,125 por cento acima do “spread” de 0,14 por cento do contrato inicial.

O PS votou contra a decisão tomada pela maioria e diz que é preciso realizar um novo contrato enquanto a Câmara optou por uma adenda ao contrato assinado em 2007.

O processo voltará a ser submetido ao Tribunal de Contas e posteriormente à Assembleia Municipal".

Agora uma coisa. Pelo que tenho assitido estou convicto que o Tribunal de Contas vai visar este pedido de empréstimo. Pois se no passado visou um contrato de que uma das partes (a CGD) se considerava totalmente desvinculada.

Também não percebo como é que aprovaram um novo contrato de empréstimo sem alterar o documento (Plano de Saneamento Financeiro) que o enforma.

Mas da forma como as coisas andam se calhar esta até é a forma mais expedita para obter o empréstimo. Cara e com eventuais repercussões jurídicas no futuro mas suficientemente expedita para que o Presidente ainda possa salvar a pele política. Mas acho que Aveiro mereceria, desde um princípio,um processo escorreito e competente.

Se tudo isto tivesse sido feito de forma competente desde o princípio há muito que os desgraçados dos credores da Câmara teriam recebido o seu dinheirinho que tanta falta lhe tem feito. E os aveiresnses escusariam de ir pagar muito mais encargos do empréstimo.

Agora gostava que me respondesses ao seguinte.

Porque carga de água é que neste processo optaram sempre pela pior solução. Quando era de contratar taxa fixa contrataram taxa variável e agora que deveriam optar pela variável, dado os desenvolvimentos económicos previsíveis, optam pela fixa.

E o que me custa mais é pensar que o fizeram para que quem vai apreciar o pretenso processo de revisão de preços (pelo menos foi assim que eu entendi que a CMA colocou o problema) não se aperceba, de forma directa, que os encargos fixos do empréstimo indexado à Euribor MAIS DO QUE QUADRUPLICARAM.
Não que não considere que a taxa apresentada e que a Câmara recusou não seja, nas actuais circunstancias bastante boa. E recusá-la só porque assim a comparação do aumento dos encargos não é directa chera-me a chico-espertice. pelo menos eu não vejo outra razão competente plausível. E tu?

Bem. Se achares que politicamente não podes responder eu compreendo-te. Também tive no passado próximo muitas ocasiões dessas.

Abraço
Raul Martins

 

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