quarta-feira, janeiro 23, 2008

Falar de Vida e de Morte – O Margem Esquerda feito pelos seus leitores

Caros amigos e leitores,

Venho aqui humildemente pedir-vos desculpa, pois não tenho tido tempo para colocar novos posts. Tenho andado assoberbado com trabalho e "não tem dado". E, no entanto, mesmo sem novidades, verifico que me continuam a visitar assiduamente. O que me honra mas me atribui uma responsabilidade a que não me tem sido possível corresponder.

E muito teria para vos dizer. Tenho em atraso, no mínimo, a lição de vida que um javardo sabidola me deu numa caçada a que fui recentemente, gostaria de vos contar da situação do empréstimo de saneamento financeiro dos 58 milhões de euros (mas como não são boas notícias podem esperar) e gostaria de falar do que está a acontecer na MoveAveiro e apoiar a luta dos seus trabalhadores. Mas, acreditem, não tenho tido hipótese.

Porém, algumas notícias do que se passa no “nosso” Infante D. Pedro deixaram-me profundamente preocupado e até, digo-vos sem subterfúgios, muito indignado. É que, não estamos a falar de política ou dinheiro. Estamos a falar de vidas humanas. E essas são sagradas.
Daí, enquanto deito o canto do olho ao Sporting-Beira-Mar, vir aqui num texto escrito ao correr da pena dizer-vos o que sinto (embora saiba que, mais uma vez, não vou ser politicamente correcto), deixando-vos algumas questões para reflexão a que peço juntem outras e pedindo-vos que teçam os vossos comentários para ver se, em conjunto, conseguimos extrair algumas conclusões que possam ajudar a construir um Aveiro melhor.

Se for considerado necessário, espero mais tarde rever este texto enriquecido que seja com as vossas opiniões. Mas vamos ao que interessa.

A- Dos factos (de acordo com as notícias dos jornais):

1- Na noite de sábado para Domingo um doente de Beduído-Estarreja, sentiu-se mal com dores e vómitos aparentemente provocados pela colelitíase de que padecia.

2- Recorreu à urgência (?) do Hospital Visconde de Salreu em Estarreja para onde foi transportado pelos bombeiros de Estarreja.

3- Os médicos que o observaram informaram a família que não era nada de grave. No entanto como passava da meia-noite foi transferido para o Hospital Infante D. Pedro em Aveiro para fazer exames complementares.

4- O doente, segundo os registos hospitalares, deu entrada no hospital de Aveiro pelas 02:47 tendo-lhe sido feita a triagem de Manchester que lhe atribuiu pulseira amarela.

5- De acordo com fontes hospitalares, cerca de 20 minutos depois, foi observado por um médico que, de imediato, lhe deu terapêutica e pediu exames complementares.

6- Após a triagem foi dito à família que o acompanhava que deveria aguardar por novidades.

7- Perante a angustiante falta de notícias, cerca das 05:00, a família procurou inteirar-se do estado do doente, tendo sido informada que deveria estar a fazer exames.

8- Farta de esperar e sem qualquer notícia, cerca das 06:00 (07:00 segundo fontes hospitalares) a esposa do doente aproveitou o momento em que o segurança foi fumar um cigarro e invadiu a urgência.

9- Aí foi deparar com o marido de bruços, caído no chão num corredor, envolto numa poça de sangue já coagulado, com um golpe na cabeça e com a maca por cima dele.

10- A senhora entrou em pânico, começou a gritar e tentou levantar o marido. Acorreu pessoal médico que começou a prestar assistência ao doente e mandou calar a esposa acusando-a de ter invadido as urgências sem autorização.

11- Segundo fontes hospitalares da queda resultou uma ferida que foi imediatamente suturada tendo-lhe sido feitos novos exames que já estavam previstos, aos quais se juntou o pedido de um TAC que concluiu não haver traumatismo craniano.

12- Mais tarde a esposa viu o marido, que nunca mais recuperou a consciência, já lavado, suturado e com o rosto desfigurado e foi informada que o iam transferir para o Hospital da Universidade de Coimbra.

13- Segundo fonte hospitalar, cerca das 11:00, devido ao agravamento do estado do doente, foi decidido transferi-lo em coma para o HUC, como acontece sempre que se trata de doentes neurológicos.

14- Em Coimbra a esposa foi informada pelo médico que atendeu o marido que este se encontrava em estado de coma profundo e teria uns minutos, horas ou no máximo dois dias de vida tendo falado em hemorragia interna.

15- Manuel Dias da Silva, acabaria por falecer no HUC, na segunda-feira dia 21, cerca das 19:15.

B- Notas Adicionais:

1- Está previsto encerrar a urgência do Hospital Visconde de Salreu em Estarreja.

2- Em meados de Dezembro passado, um doente deslocou-se à consulta externa do serviço de cardiologia do Hospital Infante D. Pedro. Como não havia elevadores funcionais (ao que me disseram por falta de peças para manutenção) teve de subir as escadas até ao 3º andar onde se situa esse serviço. Quando chegou ao balcão de atendimento, alegadamente devido ao esforço despendido, sofreu um enfarte e faleceu.

3- No dia 1 de Janeiro uma senhora deu entrada no Hospital de Aveiro pelas 14:00, recebeu na triagem uma pulseira amarela (que indicia a necessidade de ser vista por um especialista no prazo máximo de 1 hora) e viria a falecer no serviço de urgência pelas 17:45 sem ter chegado a receber assistência médica.

4- Não há, tanto quanto sabemos, público conhecimento das conclusões dos inquéritos internos (processos de averiguações?), que certamente foram abertos no seguimento destes infaustos acontecimentos.

5- O Gabinete de Comunicação do Hospital Infante D. Pedro afirmou desde logo (mesmo sem haver conclusões de qualquer inquérito) que, no caso do Sr. Manuel Dias da Silva, não houve período de espera entre a sua queda e a entrada da mulher e que foi feito tudo o que lhe competia e que não existe nada a apontar. Acrescentou ainda que a maca em que o doente se encontrava foi testada novamente e é segura.

6- Consta que as despesas do hospital Infante D. Pedro vem a crescer facto que não é acompanhado com um aumento de produtividade ou da qualidade de alguns serviços.

7- A Urgência do Hospital Infante D. Pedro foi recentemente inaugurada e pelo que pude constatar está materialmente bem equipada. Porém, contrariamente ao que acontece nalguns hospitais, não é ali permitido o acompanhamento do doente por um familiar e o sistema de informação da situação do doente é muito rudimentar.

C- Questões para reflexão:

1- Será que o que aconteceu recomenda manter aberto o serviço de urgências do Hospital Visconde de Salreu em Estarreja?

2- O Hospital Infante D. Pedro em Aveiro não merecerá ser gerido de forma mais eficiente e eficaz?

3- Se a Administração do HIP se conduzisse por princípios éticos não deveria, face a estes acontecimentos, imediatamente solicitar a sua demissão (e quando digo demissão não me estou a referir ao eufemismo “colocar o lugar à disposição”) ao Ministro da Tutela que após as necessárias averiguações determinaria se aceitava ou não a dita demissão?

4- Porque é que o Ministro da Saúde que é tão obstinado (e competente) a defender algumas posições (em que acredita mas que, algumas vezes, não acolhem o acordo público) não toma, nesta matéria, uma atitude?

5- Será que o HIP e os serviços existentes são aqueles que melhor defendem a saúde e a vida das populações que servem? Não deverá Aveiro exigir do poder político um novo hospital assente numa filosofia diferente e que potenciando as sinergias com os hospitais de Coimbra nos possa prestar melhores serviços com menores custos?

Vá lá caro leitor. Perca um bocadinho de tempo e dê-nos a sua opinião.

Quem sabe? Talvez um dia Aveiro lhe agradeça!


Noticias aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

16 Comments:

At quinta-feira, janeiro 24, 2008 12:08:00 AM, Anonymous Anônimo said...

Meu Caro dr. Raul Martins,

Sem mais comentários, aqui reproduzo mais um caso publicado

no Jornal de Notícias de 13/07/07, portanto há menos de um ano, é bom que se lembre e que foi transcrito num blog de um médico com o seguintes comentários:

"Falta de humanismo?


Uma certa forma de racismo?


Não sei que diga, mas que é crime, é.

E praticado por colegas meus..."
A noticia em questão era:

"De hospital em hospital com fractura exposta

Um homem, de 33 anos, andou seis horas com uma fractura exposta do úmero e cotovelo entre os serviços de Urgência dos Hospitais Infante D. Pedro de Aveiro e da Universidade de Coimbra, sem que alguém o tivesse assistido.

O insólito aconteceu em finais do passado mês de Maio, quando D. Kredo, um cidadão do país do leste europeu, residente em Aveiro, deu entrada no serviço de Urgência do Infante D. Pedro, pouco depois das 23 horas, vítima de um acidente de viação.

O ferido recebeu os primeiros tratamentos por uma equipa médica ortopedista contratada pelo hospital de Aveiro para suprir a falta de ortopedistas daquela unidade hospitalar na Urgência, tendo sido enviada para o Hospital da Universidade de Coimbra (HUC) a fim de ser tratado por uma equipa de Cirurgia Plástica.

O doente chegou a Coimbra pouco depois das duas horas da madrugada e acabou por ser devolvido a Aveiro, onde deu entrada pelas 5.30 horas, sem que tivesse sido observado pelos cirurgiões plásticos. Segundo apurou o JN, os ortopedistas de serviço na Urgência em Coimbra recusaram o internamento do sinistrado, considerando que "não se justificava", na altura, a intervenção dos colegas de cirurgia plástica, serviço que, aliás, a partir da meia noite, não funciona na Urgência dos HUC.

O doente acabou na sala de operações do hospital de Aveiro, dez horas depois de ter dado entrada na Urgência, a fim de ser tratado pela equipa médica do quadro do hospital aveirense. Este facto, sabe o JN, levou a directora clínica, Lurdes Sá, a encarar a possibilidade de prescindir dos dois médicos contratados à Helped, Prestação de Serviços de Saúde, que ordenaram o envio do sinistrado para Coimbra. O JN tentou falar com Lurdes Sá, mas a directora clínica recusou prestar declarações.

Recorde-se que o serviço de Urgência do Hospital de Aveiro, em alguns dias da semana, é assegurado por equipas de médicos estranhos ao serviço do hospital de Aveiro, um facto que tem provocado mau estar na Ortopedia. A diminuição da qualidade do serviço prestado e o aumento da lista de espera levaram a que o director do serviço, António Meireles se tivesse demitido. Mesmo a substituição pelo ortopedista Costa Martins não foi bem aceite, o que levou a que a directora clínica Lurdes Sá assumisse a direcção da Ortopedia."
Desconhece-se se houve algum inquérito.

 
At quinta-feira, janeiro 24, 2008 12:15:00 AM, Anonymous Anônimo said...

Caro Raul Martins,

E ainda há aquela do médico de obstetricia que fazia urgências no Hospital de Aveiro com 78 anos de idade ou do ortopedista que também fez urgência de braço ao peito.

Enfim, um não mais acabar de tristes episódios.

Felicito-o pela sua coragem em abordar este tema para os seus correligionários politicamente incorrecto. Mas trata-se de falar de vida ou morte. E os primeiros responsáveis do hospital são os seus administradores, do presidente (que vem todos os dias do Porto) à enfermeira directora (que já lá está desde o tempo do antigamente) até à directora clinica que vem todos os dias de Coimbra. Porque a enfermeira directora e a directora clinica são do conselho de administração. E não podem dizer que não sabem, porque ninguém pode invocar a ignorância da lei. Solidariamente eles são responsáveis.
Antes de um hospital novo, Aveiro precisa de uma nova equipa de gstão no Hospital. Esta já demonstrou que não serve.

 
At quinta-feira, janeiro 24, 2008 12:46:00 PM, Anonymous Anônimo said...

Caro Dr. Raul Martins
De facto este é um assunto que requer grande atenção, estamos a falar de pessoas... Entre muitas soluções, uma das~, que acho mais importante, é o facto de pensar que o Hospital Infante D.Pedro necessita urgentemente de ser gerido de uma forma mais eficiente e eficaz, criar alguma "parceria" com o HUC, no sentido de proporcionar aos seus utentes, melhores condições de sáude.
Na esperança de que não voltem a acontecer mais casos destes (como referiu no post),esperemos que os nossos políticos coloquem a "mão na cosciência" e tomem alguma decisão...
cumprimentos

 
At quinta-feira, janeiro 24, 2008 2:35:00 PM, Anonymous Anônimo said...

Volte doutora Fatima Oliveira, está perdoada.
MML

 
At quinta-feira, janeiro 24, 2008 11:21:00 PM, Anonymous Anônimo said...

Caro doutor Raul Martins,
Para avivar a memória aos mais distraídos:

Lista de espera no Hospital Infante D. Pedro aumentou 30%
9 Julho, 2007 - 14:15
O Hospital Infante D. Pedro, em Aveiro, viu a sua lista de espera para uma consulta aumentar em mais de 30%, no espaço de pouco mais de um ano.De acordo com informações avançadas pelo Jornal de Notícias, em Março de 2006 aguardavam por uma primeira consulta no hospital aveirense 17 mil pessoas e, em finais de Maio último, ultrapassava os 23 mil o número de utentes do Serviço Nacional de Saúde que esperavam ser observados pela primeira vez por um especialista daquela unidade hospitalar.

A mesma fonte ressalvou que o ranking das consultas em atraso é liderado pela oftalmologia, logo seguida por cirurgia, otorrinolaringologia, ortopedia, urologia, endocrinologia e dermatologia, o que, em algumas situações, significa mais de dois anos em lista de espera.

Também o panorama da lista de espera para uma intervenção cirúrgica no Hospital de Aveiro está longe de ser melhor. A título de exemplo, em otorrinolaringologia há quem aguarde por uma operação há mais de quatro anos (Março de 2003), um cenário que também se verifica em Cirurgia (Abril de 2003).

Na origem desta situação poderá estar a desmotivação do pessoal clínico, que não foi superada pela crise do início do ano, que levou à demissão da anterior directora clínica, e em que a administração liderada por Luís Delgado chegou a ser contestada, sendo um dos factores apontados por fontes hospitalares para o crescendo da lista de espera do Hospital de Aveiro. Também os índices de produtividade contratados entre o Hospital e o Ministério da Saúde estão longe de se atingidos, tal como aqueles que foram contratualizados entre a administração e os serviços, apesar de o quadro médico ter sido aumentado em ortopedia, urologia, cirurgia e otorrinolaringologia.

Regional

 
At quinta-feira, janeiro 24, 2008 11:29:00 PM, Anonymous Anônimo said...

Estou espantado, mas o Sr.Dr. não é do P.S.? Será que só agora acordou para o que se passa no HIP?
Será que o seu estomago teve capacidade para engolir tanto e só agora se rebelou?
O que o 1º leitor disse é curioso, lembra-me de o ter lido no jornal de noticias, não me recorda é de ter lido ou ouvido o representante do gabinete de comunicação a clamar inocência, como agora o fez, mesmo antes de haver conclusões sobre o inquérito de averiguações como o Sr.Dr. refere... Faz-me rir o "Aveirismo" que para aí se apregoa...

 
At quinta-feira, janeiro 24, 2008 11:51:00 PM, Anonymous Anônimo said...

Pois é Doutor, estamos a falar de vida que deve ser preservada e cuidada por todos a começar pelo Governo. Mas estes senhores só olham para o umbigo, a eles não lhes falta nada nesta matéria e noutras, têm o "papinho cheio" de tudo, mas o desgraçado do Zé está cada vez pior.

Tenho muita pena em dizê-lo, mas este Governo é o mais á direita que temos desde o 25 de Abril.

Mas mudar para onde? É uma tristeza...não há nada.

 
At sexta-feira, janeiro 25, 2008 12:15:00 AM, Blogger Rogério Carvalho said...

Amigo Dr. Raul Martins,
Muito bem, fazer uma pausa para refletir o essencial. Por vezes esquecido. Aqui vai:

E depois, para que servem os Hospital ou equiparados de serviços médicos? para servir e atender pacientes (doentes), mas os doentes já lá estão. Num aparte e enquanto lia esta postagem, recordou-me de uma notícia que li há uns tempos e só me recordo do seguinte:
- Vai um condutor de ambulância (bombeiro, suponho) levar um paciente ao hospital e este condutor estava segundo as leis do alcoolismo incapacitado, mais incapacitado que o propensa vítima (…) estavam os papeis invertidos.

Formação, atitude e profissionalismo, moram nos livros e boas práticas ou condutas profissionais e daí à exteriorização é um trabalho árduo e contínuo (diário, não é quando apetece).

Infelizmente, mas parece que não há carácter e o facto do projecto do ministro da saúde mexer com interesses particulares instalados por parte de quem por lá anda, faz precisamente e mais uma vez, INFELIZMENTE, a reacção negativa mostra por si só incompetência e descrédito. O Sr. ministro Correia de Campos (assumo não simpatizar muito com ele), faz bem em correr com a incompetência.
Se querem ganhar uma guerra há que mostrar que são bons e úteis, e, daí acabar com o que é bom é custoso. Acabar com cancros, sanear por completo a mediocridade é de saudar.

Abraço

 
At sexta-feira, janeiro 25, 2008 1:45:00 AM, Anonymous Anônimo said...

No caso do HIDP, parece-me que a questão passa menos por alterar o treinador (coisa que vem fazendo nos ultimos 15 anos com uma frequencia inagualavel)e mais por mudar os jogadores. Não sendo razoavel a mudança de todos os jogadores impoe-se que o povo aveirense lhes dei uma grande assobiadela e lhes exija mais entrega, mais profissionalimo, menos politica, menos tretas... Até porque começa a ser muito dificil arranjar treinadores (não estou a falar de boys, obviamente)que queiram treinar a equipa aveirense

 
At sexta-feira, janeiro 25, 2008 1:55:00 PM, Anonymous Anônimo said...

Sr. Doutor Raúl.
O senhor não deve saber quem é o iramão do Presidente do conselho de Administração do Hospital. Tammbém não saberá que o Dr. Delgado é emigo pessoal do Eng. Sócrates e por issso é intocável. Ainda há dias o Ministro Correia de Campos lhe deu uma descasca mas vê-se que não tem força para o por a andar. Veja lá onde é que se anda a meter que o homem está bem estribado.
HF

 
At sexta-feira, janeiro 25, 2008 2:40:00 PM, Blogger Nuno Guimas said...

Curioso, curioso é que se anunciou hoje a construção de 3 hospitais novos. Tudo bem, como manobra de diversão não está mal e hospitais novos são sempre boas noticias. Mas depois vem a velha questão da localização: 2 são em Lisboa, denotando o normal centralismo exarcebado que existe no nosso país, mas o outro, pasme-se, é em Faro!
Uma mente mal intencionada até poderia ficar a pensar se isto não resulta de algum acordo entre o Governo e o Presidente da República, que lembre-se, é de Boliqueime, Algarve. Quanto à(s) história(s) do Hospital de Aveiro acho muito sintomático a pessoa que descobriu o marido nas condições lamentáveis que se sabe, ter ainda por cima ter sido condenada por ter entrado no serviço de urgências sem autorização. Pergunto-me o que teria sido dito à senhora em causa, caso ela não tivesse entrado e visto o que viu.
Enfim... a sucessão de administrações hospitalares ( em geral ) e por todo o país, nomeadas pelos sucessivos governos, e provenientes dos carreiristas "boys " dos partidos politicos trouxe-nos até aqui. E agora? Para onde iremos?

 
At sexta-feira, janeiro 25, 2008 10:26:00 PM, Anonymous Anônimo said...

Mais um caso relatado no JN de 25/1

Bloco cirúrgico por funcionar

O bloco cirúrgico do bloco de partos do Hospital Infante D. Pedro de Aveiro, inaugurado em Abril do ano passado, ainda não funcionou, segundo soube o JN.

Unidade utilizada para a realização de cesarianas, aquele bloco cirúrgico tinha a sua entrada em funcionamento prevista para meados de Setembro passado devido a problemas com o equipamento, mas quatro meses depois, continua ainda por estrear. As cesarianas - que em Aveiro representam 28% dos casos de partos - estão a ser feitas no bloco central cirúrgico, o que segundo fontes hospitalares, interferem com a realização de intervenções cirúrgicas de outras especialidades. Também a sala de urgência do bloco central cirúrgico do Hospital de Aveiro está há mais de uma semana sem funcionar, o que tem originado que os casos de urgência tenham de ser tratados no bloco central. "Se estiver em curso uma intervenção cirúrgica programada, a de cariz urgentes tem que esperar", disse, ao JN, uma fonte ligada ao hospital que pediu o anonimato. A administração do Hospital Infante D. Pedro, de Aveiro, contactada pelo JN para esclarecer os motivos da inoperacionalidade destes dois blocos cirúrgicos, informou, através do gabinete de comunicação, que não tem comentários a fazer.

 
At sábado, janeiro 26, 2008 10:58:00 PM, Anonymous Anônimo said...

Caro Dr.
O ministro da Saúde depois de ter conhecimento deste caso disse que segundo as informações que tinha o HIP "pediu à Inspecção de Saúde para efectuar uma análise" e mandou "uma mensagem de confiança ao pessoal" do hospita.
Como vê o ministro tem muito respeitinho pelo Presidente do Conselho de Administração do HIP Luís Delgado que por acaso é irmão de Manuel Delgado, presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares.
É por estas e por outras que a saúde em Portugal não vai a lado nenhum. Malhas que o Império tece.
Até apetece que os espanhóis tomem definitivamente conta disto.

 
At domingo, janeiro 27, 2008 11:52:00 AM, Anonymous Anônimo said...

Cmarada raul
Tem toda a razão. São sujeitos como este Luis Delegado que poêm em risco as reformas do Correia de Campos, que quer salvar o que resta do SNS.É necessário po-los a andar. Se não concordam ou não sabem vão para casa que isto não é nenhum asilo. Na administração até há elementos capazes fora os que já se foram embora por não estarem para aturar o Delegado. Agora este senhor é prepotente,não ouve ninguém e não percebe nada disto. Aqui no hospital até se diz quesó é presidente por acaso porque o irmão que é o Presidentedo Curry Cabral sótinha metido uma cunha para ele ser vogal. Quando na semana finda a administração marcou uma reunião de emergência ainda se julgou que era para para por a mão na conscência e demitir-se. Mas não. Foi só para discutir a forma de sair desta situação. Ele diz a toda a gente que faz o que pode e sabe. Talvez faça mas não chega.
Pergunto: o que é que oas pessoas que elegemos para a distrital e Assembleia da republica o que é que os aveirenses que estão em cargos do governo andam a fazer que não vêm isto? qualquer dia tenho vergonha de apoiar este governo.
ms

 
At quinta-feira, janeiro 31, 2008 4:44:00 PM, Anonymous Anônimo said...

Meu caro doutor Raul,

Para que não digam que não se fala de flores, fique aqui com o comunicado da Concelhia do PSD sobre o Hospital de Aveiro


A Comissão Politica Concelhia de Aveiro do Partido Social Democrata, hoje reunida, deliberou expressar a seguinte posição pública:


“ Manifestar o seu agrado pela demissão do ex. Ministro da Saúde Correia de Campos e formular votos para que a nova protagonista (Dra. Ana Jorge) seja mais sensível na aplicação das reformas da Saúde, já que as populações merecem mais respeito e consideração, mesmo ou principalmente por parte dos senhores Ministros e do senhor Primeiro-Ministro.

Entende ainda manifestar a nossa continuada preocupação pela Politica de Saúde deste Governo que é de uma grande insensibilidade social, prejudicando essencialmente os mais desfavorecidos.

Localmente, e em relação ao Hospital Infante Dom Pedro de Aveiro, esta Comissão Politica, não pode deixar de lamentar e registar os últimos acontecimentos que são do conhecimento público:

1- Morte de uma paciente quase quatro horas depois de tríada (amarela);
2- Queda com consequências fatais de um paciente no serviço de urgência;
3- Espera de varias horas por parte dos utentes para serem atendidos no serviço de urgência;
4- Espera de varias horas para atendimento na urgência de Pediatria;
5- Queda de novo utente no serviço de urgência por falência do material antiquado colocado em serviço pela Administração;
6- Colocação de quatro camas por quarto e não três por imposição do Conselho de Administração contra o parecer técnico da Comissão de Higiene e Infecção Hospitalar;
7- Falta de capacidade para abrir o bloco cirúrgico do serviço de Obstetrícia já concluído há vários meses;
8- Não assunção pelo Conselho de Administração desta incapacidade de Organização e Gestão dos Serviços de Saúde da Instituição.

E porque entende o Partido Social Democrata de Aveiro que, como já referiu há cerca de um ano, este Conselho de Administração não revela capacidade para a gestão do Hospital Infante Dom Pedro, não é parte da solução do presente, nem duma solução de futuro, mas sim parte do próprio problema, neste sentido a Comissão Politica Concelhia de Aveiro do PSD entende que o Conselho de Administração na sua totalidade, e não em parte, devia pedir a demissão dos cargos que tão mal ocupam, para que a instituição regresse à normalidade e possa exercer a actividade para a qual se encontra vocacionada A prestação de bons cuidados de saúde. “

Comissão Politica do Partido Social Democrata de Aveiro

PSD/AVEIRO/Jan2008

 
At segunda-feira, fevereiro 11, 2008 1:40:00 PM, Anonymous Anônimo said...

Pois é caro Dr Raúl Martins, é o custo da democracia que temos, neste caso bem dramático!
Ficamos a saber que um é irmão do Dr Manuel Delgado e amigo do PM. E o outro? Será amigo de quem? E de onde terá vindo?
Pobres doentes e pobres contribuintes!

 

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