domingo, setembro 23, 2007

A Instalação de uma Unidade de Tratamento Mecânico e Biológico de lixos urbanos em Aveiro

Embora não isentas de efeitos negativos que, muitas vezes, geram o chamado efeito NIMBY (Not In My Backyard), as Unidades de Tratamento Mecânico e Biológico (UTMB), parecem configurar boas opções para a resolução do problema dos lixos urbanos indiferenciados porque, relativamente aos aterros e incineradoras, são alternativas menos onerosas em termos ambientais e económicos, vão de encontro a outras políticas ambientais e evitam o desperdício de matéria orgânica que, depois de tratada, dá origem a um produto estabilizado utilizável em solos carentes desse constituinte, materiais para reciclagem (metais, vidro, cartão, plástico) e rejeitados a depositar em aterro a construir nas imediações da unidade.

Esta opinião não é, no entanto, totalmente pacífica e deveria merecer uma profunda análise e discussão envolvendo, desde logo, as populações que irão ser mais directamente afectadas. Diferente entendimento tem a maioria chefiada pelo Dr. Élio Maia que, não só tem desenvolvido as negociações em segredo como, ainda recentemente, fez chumbar na Assembleia Municipal, uma Comissão para fazer o acompanhamento deste delicado dossier.

Aveiro não tem, nem deve ter, a sua estratégia de desenvolvimento baseada na indústria do tratamento de resíduos e não se deve transformar no caixote do lixo dos municípios vizinhos, por mais meritória que seja a razão. Aliás Aveiro já deu provas da sua postura regional solidária na resolução do problema dos lixos quando, numa perspectiva de rotatividade, aceitou (com as consequências negativas de todos conhecidas) a localização de um aterro sanitário em Taboeira que, há uma década, serve 12 concelhos da região.

Eirol não deverá, a nosso ver, ser considerado como opção para a localização da unidade que vai suceder ao aterro de Taboeira. E não apenas pelos incómodos da fase de construção ou pelas consequências do contínuo fluxo de camiões que transportam os lixos e os estabilizados, nem apenas pelos cheiros que o transporte, processamento e sobretudo o aterro poderão libertar mas, principalmente, pela inadequada impermeabilidade dos terrenos onde este será aberto. Assim, só no improvável caso de se provar que esta localização é incontornável pela redução de preços a cobrar aos municípios (munícipes) que vão utilizar a unidade (uma vez que o transporte tem grande relevância nos custos totais), Aveiro poderá equacionar a instalação da UTMB no concelho.

Porém, nesta indesejada situação, não o poderá fazer sem que sejam garantidas as pertinentes contrapartidas, à cabeça das quais avulta o financiamento da pista de remo do Rio Novo do Príncipe, obra para que este executivo partiu, insensatamente, sem obter financiamento prévio e que, de outra forma, vai ser impossível executar sem depauperar, definitivamente, as frágeis finanças municipais.

Obviamente outras contrapartidas deverão ser negociadas, nomeadamente ao nível viário (eixo Aveiro-Águeda, ligação Mamodeiro-A1, recuperação das maltratadas estradas do concelho, etc.) e serem garantidos os legítimos anseios de quem, mais de perto, vai suportar as consequências negativas da UTMB, mas o financiamento da pista deverá ser considerado como condição “sine qua non”.

Estamos certos que os últimos aveirenses que ainda acreditam no Dr. Élio Maia e neste executivo que, à partida se declarou "orgulhoso" por acolher, “sem contrapartidas”, a UTMB, saberão retirar as devidas ilações da sua actuação se, como se profetiza, não assumir a firme defesa dos interesses de Aveiro e recuse a sua localização em Eirol, permitindo a sua instalação a troco de padres-nossos ou de um minguado prato de lentilhas.

Publicado no DA de 24/9/2007

1 Comments:

At segunda-feira, setembro 24, 2007 2:05:00 PM, Anonymous Anônimo said...

NAU CATRINETA DE EIROL

PARTE 1ª


Acima, acima, gageiro,
Acima ao tope real!
Vê se topas para Aveiro
Contrapartidas p´lo cheiro
Já que há-de cheirar mal!

Alvíssaras, capitão,
Vejo coisas engraçadas:
As contrapartidas, não,
Vejo só população
A gritar "contra as chegadas"!

ZÉ MALAGUETA

 

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