domingo, julho 27, 2008

EMA, E.M. - Relatório e Contas de 2007

Na reunião da Câmara de amanhã (dia 28 de Julho) vai ser apreciado o Relatório e Contas relativas ao ano de 2007 da EMA – Estádio Municipal de Aveiro, EM. e, como algumas pessoas tomaram conhecimento que me tinham sido disponibilizados os documentos sinto-me na obrigação de tecer alguns comentários.

Coisa que tínhamos pensado não fazer porque de más notícias estamos todos fartos. E os documentos não são de molde a fazer-nos sorrir ou trazer-nos esperança.

Mas, como a Coligação que preside aos destinos do nosso Município afirmou a pés juntos que a EMA seria a primeira das empresas municipais a ser extinta e agora até foi indigitado um vereador para tratar da matéria, para o ano já não teremos certamente a oportunidade de falar dos "feitos" desta empresa municipal. Por isso há que aproveitar agora.

Já várias vezes falámos da EMA e do Estádio Municipal e verberámos fortemente (e continuamos a verberar) a actuação do executivo municipal liderado pelo Dr. Élio Maia que desperdiçou uma excelente hipótese de resolver, a contento, o problema do Estádio cuja integração na PDA EM., deveria ter sido negociada quando se procedeu ao aumento do capital social da PDA, ao invés de numa operação que, estou certo, ainda irá fazer correr muita tinta, ter entregue de mão beijada a maioria do capital social da empresa ao parceiro privado. Mas, como não é o momento de falar desse processo a que oportunamente regressaremos, centremo-nos nas contas da EMA.

A EMA, cujo Presidente do Conselho de Administração é o Dr. Élio Maia, apresenta este ano um prejuízo de 931.773,35€ valor aliás muito semelhante ao dos prejuízos obtidos em 2006 e 2005, de 840.993,12€ e 868.606,63€ respectivamente. A empresa, como é sabido, só teve resultados positivos em 2004 (298.373,85€), em parte devido às receitas provenientes do Euro 2004 e também porque nesse ano não foi produzida a devida especialização dos proveitos referentes à venda de lugares de Camarotes, Tribunas e Bancadas.

A empresa é, assim, uma empresa consistentemente geradora de prejuízos que há muito exauriram o seu Capital Social de 1.496.393,69€. Mercê dos resultados negativos acumulados de 3.282.075,42€, o Capital Social apresentava, em 31 de Dezembro de 2007 o valor negativo de 1.785.681.73€. Daí a necessidade de serem tomadas medidas imediatas. Mas o Dr. Élio Maia, incapaz de encontrar soluções para estancar o problema, limita-se a assistir, impávido e sereno, à destruição da empresa, certo que lá para 2013 o estádio ainda há-de ser um grande negócio.

Entre os aspectos e factos que mais contribuíram para o resultado de 2007 apontam-se:

- A diminuição globalmente verificada no capítulo da prestação de serviços (-21,2%);
- A não realização no Estádio Municipal de Aveiro de nenhum evento internacional de futebol da dimensão do que ocorreu em 2006 (Campeonato da Europa de Sub 21);

e ainda:

- A diminuição verificada nos proveitos resultantes da venda de lugares adjudicados à Empresa ao abrigo do Protocolo com o Clube residente, fruto da carreira desportiva deste;
- O aumento verificado na prestação anual a pagar ao Clube residente por força do citado Protocolo;

A empresa deve ainda as seguintes verbas resultantes da construção do estádio:

Meci, SA. - 1.134.161,86€ (objecto de um contrato de factoring celebrado com a Besleasing Factoring - Instituição Financeira de Crédito, SA)
Hagen, SA. - 272.875,85€
Ensul, SA. - 269.008,06€
Construtora do Tâmega, SA - 144.008,00€
Fase, S.A - 104.915,15€.

Deve ainda:

CGD (empréstimo) – 100.000,00€
HFN, Lda. – 159.421,67€
RED, Lda. – 150.962,85€
2045 – Empresa de Segurança, SA – 220.343,61€

Relativamente ao Beira-Mar:

Dívidas emergentes do protocolo – 737.370,73€

(existe ainda um valor de 495.972,62€ acrescido de IVA, na conta acréscimo de custos, relativo a valores no âmbito do referido protocolo ainda não facturados pelo clube, como aliás há muito vínhamos afirmando).

A empresa tem varias acções administrativas pendentes entre as quais as relativa às dívidas à RED e à HFN.

Apresentámos estes números para que fiquem conscientes da gravidade da situação da empresa que obriga a CMA a fazer as necessárias transferências para satisfazer as exigências legais em vigor. Mas mais do que isso é necessário fazer o turnover, arranjar uma estratégia para inverter a situação. Enquanto é tempo! Com coragem política!

E esperamos que, agora, conhecedores da realidade do problema existente, os aveirenses reconheçam as virtudes da solução que tínhamos preconizado. Que, no nosso entender, não mereceu qualquer esforço ou interesse deste executivo para ser implementada.

E digam-me lá se acham que ficar à espera de 2013 para que, então, o estádio seja concessionado por 65 milhões de euros é solução que se apresente. E, já agora, alguém acreditará nisso?

19 Comments:

At segunda-feira, julho 28, 2008 12:21:00 AM, Blogger Marechal Ney said...

Exmo. Senhor, Presidente da C.P.C.P.S.A.:


O Estádio está para ficar. Aguarda, sem perder a jovialidade que lhe empresta a cor, com sobranceria e desafio, que o desenvolvimento o acompanhe.
Aguarda ainda com sábia e imponente expectativa que o futebol, em definitivo, se adapte às crescentes pressões da economia, racionalizando-se.

É a guarda avançada. É o padrão fundador de uma nova cidade, que ali se desenvolverá, sem espartilhos de índole urbanística, com grandes potencialidades ambientais e com amplas possibilidades para o exercício da arquitectura, grande ferramenta de valorização da urbe e grandiosa arma de projecção cultural.

Assim sejam os responsáveis do nosso Município capazes!


Do
Marèchal Ney

 
At segunda-feira, julho 28, 2008 6:01:00 AM, Blogger RM said...

Caro Marèchal Ney

Agradeço penhorado o tratamento que aqui sempre me dispensa dirigindo-se-me pelo meu cargo político local.
Porém como a acção neste espaço deste seu humilde escriba é puramente individual agradecia que, doravante, me tratasse apenas pelo meu nome próprio reservando o honroso tratamento que me vem proporcionando para o local adequado.
Receba um abraço
Do
Raul Martins

 
At segunda-feira, julho 28, 2008 9:15:00 AM, Blogger Marechal Ney said...

Exmo. Senhor:
Dr.R.M.

Registo meu caro os seus dizeres que, claro, agradeço.
Fica assim, a intenção. E, esta procurava a deferência que V.Exª, durante algum tempo, não rejeitou.
Prometo, portanto, caso um dia exista a oportunidade, no lugar próprio, tratá-lo, adequadamente, dando relevo ao seu cargo partidário.

Retribuo o seu amável abraço.

Do
Marechal Ney

 
At segunda-feira, julho 28, 2008 10:48:00 AM, Anonymous Anônimo said...

Dtr Raúl
É verdade que o aumento do prejuízo ficou a dever-se ao aumento da prestação anual ao Beira-mar? Este ano qual vai ser o valor do protocolo?
Se souber por favor diga o que se passa.
BIP

 
At segunda-feira, julho 28, 2008 2:41:00 PM, Anonymous Anônimo said...

Isto nunca mais vai acabar.
Entreguem o estádio ao Taboeira e vão ver que acabam os problemas de manutenção e de administração do mesmo. Se calhar as pessoas que estão à frente do Taboeira até são capazes de por o estádio a render começando por cobrar ao Beira Mar a utilização do mesmo.
Porra, estamos fartos de Câmara, estamos fartos de Ema pois é tudo a mesma merda!

 
At segunda-feira, julho 28, 2008 3:02:00 PM, Anonymous Anônimo said...

Dr. Estou perplexo. Não é o momento de falar do processo da privatização da PDA? Porquê?

 
At segunda-feira, julho 28, 2008 3:11:00 PM, Anonymous Anônimo said...

Dr. Raul Martins
O Dr. aponta aqui um valor para o prejuizo mas no Diário de Aveiro indicam-se valores completamente diferentes. Em quem devo acreditar?
Tomé

 
At segunda-feira, julho 28, 2008 3:29:00 PM, Blogger RM said...

Caro Marèchal Ney,
A sua solução é uma das possíveis. E não é das piores!

Caro BIP
1- O relatório de gestão assinado pelos Administradores da EMA (Drs Élio Maia, João Pedro Dias e Susana Esteves) afirma taxativamente que o aumento do prejuízo relativamente ao ano anterior se deve, entre outros, ao aumento da prestação anual ao clube residente (BM).
2- Nada sei da renegociação do protocolo para este ano, mas espero que, em altura oportuna, o valor para esta época tenha sido devidamente negociado.

Caro anónimo das 14.41
Se calhar tem razão. É que pior é dificil.

Caro anónimo das 15.02
Leu bem. Não é o momento. Mais tarde saberá porquê. Portanto tenha calma e não se preocupe (para já) senão ainda apanha uma úlcera.

Caro Tomé
Em mim!

Abraço
Raul Martins

 
At segunda-feira, julho 28, 2008 3:56:00 PM, Anonymous Anônimo said...

Assim progride a EMA. Assim cresce uma cidade preocupada.
Mas entretanto ponho-me ao fresco que a vida está difícil para todos...

 
At segunda-feira, julho 28, 2008 10:23:00 PM, Blogger José Teixeira said...

Será assim tão difícil por os pés no chão? não é preciso que seja sempre, só de vez em quando.
O primeiro comentário e espero que me perdoem pela liberdade de expressão, é simplesmente hilariante.
"O Estádio está para ficar. Aguarda, sem perder a jovialidade que lhe empresta a cor, com sobranceria e desafio, que o desenvolvimento o acompanhe.
Aguarda ainda com sábia e imponente expectativa que o futebol, em definitivo, se adapte às crescentes pressões da economia, racionalizando-se.

É a guarda avançada. É o padrão fundador de uma nova cidade, que ali se desenvolverá, sem espartilhos de índole urbanística, com grandes potencialidades ambientais e com amplas possibilidades para o exercício da arquitectura, grande ferramenta de valorização da urbe e grandiosa arma de projecção cultural.

Assim sejam os responsáveis do nosso Município capazes!"
Não há ninguém que tenha a capacidade de engolir o sapo, eu sei que o sapo é grande, aceitar e dizer alto e bom som que o estádio foi um erro do tamanho do mesmo? Um erro de deslumbramento próprio de má gestão de dinheiros públicos?
Daqui a 20 anos ainda se vai andar a dsicutir a dívida e a utilidade do mesmo.
Será pecado iniciar-se um processo de opinião que vise exorcisar os fantasmas políticos inerentes a implosão do mesmo?

 
At segunda-feira, julho 28, 2008 10:25:00 PM, Anonymous Anônimo said...

Dr. RM será possivel divulgar as contas?
Agora ao consultar a informação disponivel na net sobre este assunto verifiquei incoerencia entre o seu "post" e as declarações do Sr. DR. Nuno Pereira na Terra Nova, é que ele diz que os resultados positivos desceram e o Dr fala em resultados negativos a aumentarem.
José Eduardo

 
At terça-feira, julho 29, 2008 8:17:00 AM, Anonymous Anônimo said...

Eu não acredito!!!!!

 
At terça-feira, julho 29, 2008 8:27:00 AM, Anonymous Anônimo said...

Caro Raúl Martins
gostava de saber 2 coisas. Quabto +e que os administradores ganham e quais são as propostas que apresentam para resolver o problema da empresa. se for possível.
NFR

 
At terça-feira, julho 29, 2008 12:17:00 PM, Blogger RM said...

Caro Japinho,
A construção do estádio foi feita num contexto muito específico que eu já apelidei de "bebedeira colectiva do Euro 2004", porque, como sabe , na economia as coisas comportam-se exactamente como nas bebedeiras. Enquanto se bebe parece que estamos no melhor dos mundos. O problema é no dia seguinte. Quando acordamos temos a boca a saber a papel de música. Quem sabe definir bem estas coisas é a minha prima Efigénia que diz que "quem janta nas adegas, almoça nas fontes". E como Aveiro abusou o melhor é fazer uma dieta rigorosa e rumar rapidamente para o Gerês fazer uma cura de águas.

Caro José Eduardo
Eu creio que as contas, depois de aprovadas, serão colocadas online. E acho que deve crer em mim.

Caro anónimo das 08.17
Eu também não.

Caro Nfr
De acordo com o relatório de gestão, no ano de 2007 foram atribuídas ao Conselho de Administração remunerações no montante global de 48.336,50€ que geraram encargos de 10.271,61€.
Não existe informação adicional sobre custos de telefones distribuídos, despesas de representação ou ajudas de custo (deslocações e estadias) que possam ter realizado em serviço.
O Conselho de Administração não propõe grandes soluções para a situação antes remete para o accionista único (Câmara Municipal de Aveiro) que informa ter alertado por várias vezes para a difícil situação solicitando "pertinentes orientações gerais" no "âmbito do seu poder de supervisão e orientação".

Abraço
Raul Martins

 
At terça-feira, julho 29, 2008 9:41:00 PM, Anonymous Anônimo said...

Bem já que somos todos Licenciados e Doutorados no mesmo ramo, isto é, em Planeamento e/ou Ordenamento do Território podemos todos projectar a cidade ao nosso modo.
Da mesma forma, poderei afirmar, que esta infra-estrutura em questão foi projectada com o mesmo tipo de pensamento fortuito do futuro do clube atendendo à sua dimensão, aliada à expansão da cidade.. (Vejamos a revista municipal da época - que guardo religiosamente - que se aborda a média de 5000 pessoas e 9000 estudantes na UA). Que raio de indicadores, não? Bem.. é o que faz termos arquitectos a fazer planeamento!
A cidade que cresce sem parar (é uma coisa doida!) Também é só esperar uns aninhos para o próximo «babyboom» e para que os créditos imobiliários fiquem com juros mais baixos. Vai ser a loucura!
Mas voltando ao capítulo inicial, que me remete à minha participação no post, pelo que verifico foram ocultados valores referentes aos juros de mora. (Será que a CMA/EMA irá pagar?) ou será que o Beira-Mar não irá exigir?
Na questão da Sede social do SCBM também assisti atentamente a transição dos pagamentos pela imprensa local, mas ficaram «às escuras» outros assuntos relativo aos valores que a Sociedade Aveiro Polis pagou no arrendamento do espaço à CMA. O Beira-Mar não via o dinheiro.. será que também pagaram os juros?
Para mim, como adepto beiramarense e «aveirense de gema» a E.M.A. nunca deveria ter existido! Bem como o dito cujo elefante branco... Parece que o poder político fez uma espécie de aborto: o "Estádio Municipal" e enviou para lá a instituição Sport Clube Beira-Mar... "Obrigando-a" a aceitar um tal protocolo que não foi cumprido pela EMA.. A fazer com que o SCBM adopte aquela casa que nunca foi sua.. a mudar os hábitos e costumes dos adeptos... a desrespeitar o simbolismo que este e outros clubes têm.. como a falta de sensibilidade arquitectónica pelo âmbito da estrutura.
Enfim.. é um marasmo!

 
At terça-feira, julho 29, 2008 11:03:00 PM, Anonymous Anônimo said...

então a cma vai candidatar centro escolares ao QREN? saia um mortal encarpado à retaguarda!!!! oxalá não partam os costados com a dita pseudo ppp.

 
At quarta-feira, julho 30, 2008 11:55:00 AM, Anonymous Anônimo said...

Já muito se falou das dividas Câmara/EMA, ao Beira Mar.

Não vale a pena bater em mortos,álem de nunca cumprirem com os protocolos e todas as outra promessa ao povo Aveirense, esta Câmara já não existe.

Senão vejamos toda a população a reclamar a danificação dos amortecedores dos seus automóveis, por causa dos buracos e lombas dos remendos dos mesmos em todas as ruas de 20 a 20 metros da cidade.

Pergunto!
Poderei acciona a Cãmara pelos prejuizos causados, uma vez que pago todos os impostos de circulação, para pavimentação da rede viária?

 
At quarta-feira, julho 30, 2008 3:08:00 PM, Anonymous Anônimo said...

então agora temos iogurte de garnizé??? que bela inovação...pena ter um prazo de validade tão curto!

 
At quarta-feira, julho 30, 2008 5:45:00 PM, Anonymous Anônimo said...

"O vereador (Pedro Ferreira) diz ainda que o projecto tinha como «finalidade primordial tornar a cidade de Aveiro sustentável, competitiva, orientada para fazer frente aos desafios do presente, sem romper com o passado e de olhos postos nas necessidades do futuro. Para tal, seria necessário aumentar a competitividade e atractividade da cidade de Aveiro, promovendo a valorização de áreas de excelência urbana com base em factores de diferenciação, assentes sobretudo na aplicação do conceito da sustentabilidade, fomentar o equilíbrio entre desenvolvimento económico e sustentabilidade e desenvolver condições que permitam padrões mais elevados de qualidade de vida e promovam o capital social"

in "www.oln.pt" 30.07.08

pergunta 1: alguém é capaz de decifrar?
pergunta 2: quantas horas terá demorado a construção desta frase?
pergunta 3: o projecto de regeneração chumbou porquê?

 

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