quinta-feira, dezembro 01, 2005

DIA DA RESTAURAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA

No dia 1 de Dezembro de 1640, um grupo de 40 fidalgos dirigiu-se ao Paço da Ribeira, matou o secretário de Estado Miguel de Vasconcelos e aprisionou a duquesa de Mântua que, à altura, governava Portugal em nome de seu primo Filipe IV de Espanha, terminando com o domínio filipino sobre Portugal e restaurando a nossa independência.

Nesse sábado de 1640 terminou a União Ibérica, o maior império que já existiu no mundo em todas as eras. A União Ibérica agrupou territórios de quase todos os cantos do mundo: América Central, México, Cuba, América do Sul, África, Índia (Goa, Calecut), Filipinas, China (Macau, Cantão), Indonésia (Timor-Leste) e o Sacro Império Romano-Germânico, já que Filipe II era da dinastia dos Habsburgos.

A União Ibérica que existiu no período de união pessoal entre Espanha e Portugal, que compreendeu o reinado dos 3 Filipes da Terceira Dinastia que governaram Portugal entre 1580 e 1640, deteve todo o poder do comércio e desenvolvimento tecnológico da época. O Império da União das Coroas de Portugal e Espanha foi muito maior que o Império Romano, o Império Mongol ou o Império Macedónico.

A dinastia filipina havia subido ao trono português na crise sucessória, iniciada após a morte, sem descendentes, de D. Sebastião na batalha de Alcácer-Quibir e do seu sucessor e tio-avô Cardeal-Rei D. Henrique. Nas convulsões da crise, Filipe de Habsburgo, Rei de Espanha e neto de Manuel I por via feminina, acabou por ser reconhecido como rei de Portugal nas Cortes de Tomar, embora a ideia da perda de independência tenha levado a uma revolução liderada pelo prior do Crato, que chegou a ser proclamado rei, mas que acabou derrotado, fundamentalmente, pela falta de apoio da nobreza tradicional e da burguesia que apoiavam Filipe.

Sessenta anos passados e um sentimento profundo de autonomia, partilhado por toda a população, estava a crescer e deu os seus primeiros sinais no tumulto do Manuelinho de Évora, em 1637. De facto, os cidadãos nacionais vinham a perder privilégios e piorava a nossa situação de subalternidade relativamente a Espanha pois, ao contrário do que os monarcas espanhóis haviam prometido os impostos aumentavam, a população empobrecia, os burgueses eram afectados nos seus interesses comerciais, a nobreza perdia postos e rendimentos e o Império Português era ameaçado por Ingleses e Holandeses, perante o generalizado desinteresse dos governadores filipinos.

O esforço nacional para que a restauração se consumasse foi mantido durante vinte e oito anos, tendo sido possível suster as sucessivas tentativas de invasão do exército Espanhol e vencê-lo nas importantes batalhas do Montijo (1644), Linhas de Elvas (1659), Ameixial (1663), Castelo Rodrigo (1664) e Montes Claros (1665). O tratado de paz definitivo acabaria por ser assinado em 1668.

A 1 de Dezembro de 1640 um pequeno grupo da elite, restaurou a independência de Portugal e acabou com a União Ibérica.
Foi há 365 anos.

3 Comments:

At sexta-feira, dezembro 09, 2005 1:05:00 PM, Anonymous Anônimo said...

"The fight goes on..."

 
At sábado, dezembro 10, 2005 2:09:00 AM, Anonymous Anônimo said...

Restauração da Independência não; restauração da casa real portuguesa. O que havia, de acordo com o juramento de Filipe II de Espanha (Filipe I de Portugal), era a união das duas coroas na mesma cabeça. Os dois reinos deviam, ou deveriam, permanecer independentes. Só Filipe IV pôs em causa estes princípios e daí a revolta.

 
At sábado, dezembro 10, 2005 10:10:00 AM, Blogger RM said...

Caro anónimo.
Saiba que gosto da frontalidade e detesto o politicamente correcto. Saiba ainda que não gosto (nada) de anónimos porque considero que, de uma forma geral, é sob o anonimato cobarde que os portugueses extravasam os seus piores defeitos que tão ciosamente procuram esconder em público. .
Pelo que me apercebo não é o seu caso e por isso aqui lhe venho lançar um repto.
É que mesmo eu (que sou republicano) acho tão importante a questão que o seu comentário levanta que penso mereceria deixasse o cómodo anonimato e aqui viesse debater este e outros assuntos do seu interesse o que me daria um prazer especial até porque sou amigo do Nuno C. Pereira (aí estará outra interessante discussão).
Este arremedo de blog precisa (muito) da participação de pessoas inteligentes e cultas (como é aliás notório) e já que o blogger-mor não tem essas capacidades...
Apareça sempre. Se possível com um nome.

 

Postar um comentário

<< Home