segunda-feira, novembro 21, 2005

MORREU O "PAPA"

Peter Drucker, o pai da administração moderna, por muitos considerado o “papa da gestão”, morreu na manhã de sexta-feira dia 11 de Novembro de 2005, a alguns dias de fazer 96 anos de idade, na sua sóbria casa de Claremont na Califórnia, onde vinha ultimamente a receber cuidados terminais. Aquele que alguns despeitados académicos nunca deixaram de considerar um mero jornalista, deixa-nos após uma notável carreira de quase 75 anos, durante a qual escreveu 39 livros, que estão traduzidos em mais de 30 línguas, o último dos quais “O Executivo Eficiente em Acção” (em co-autoria com Joseph Maciariello) estará nas bancas no início do próximo ano. Deixa a sua esposa Doris Schmitz, quatro filhos e seis netos.

Foi com os escritos do professor do fato de flanela cinzento, que pouca relevância atribuía à ciência económica e afirmava que nunca poderia ser um economista, porque o que lhe interessava eram as pessoas , que aprendi que as pessoas são o recurso mais importante das organizações e a regra fundamental para lidar com a turbulência dos nossos dias – “a mudança não se gere; antecipa-se e lidera-se”.

De facto a vida e a obra de Peter Drucker marcaram-me profundamente. Nascido em 1909 em Viena de uma família judia, obteve uma bolsa para a Universidade de Frankfurt onde, em 1931, se doutorou em Direito Público e Internacional. Fugiu para Londres em 1933, escapando-se à Alemanha Hitleriana onde, passados 4 anos, se casou com Doris e rumou para aos Estados Unidos, tendo sido professor de gestão de 1950 a 1971 na Graduate Business School da Universidade de Nova York. Em 1971 foi para a Califórnia, onde ajudou a criar o primeiro MBA em gestão, tendo exercido o cargo de professor de Ciências Sociais em Claremont até 2003, ano em que deixou dar aulas e acompanhar de perto os seus inúmeros alunos com quem, como dizia, tanto aprendia. Tornou-se consultor da "sua" escola a partir dessa data. Da sua vastíssima obra - o primeiro livro que escreveu nos Estados Unidos foi em 1939 e o seu último artigo na Harvard Business Review foi publicado em 2004 – destaco e recomendo três livros, sempre actuais mas escritos em épocas distintas: “The Pratice of Management”, “The Effective Executive” e “Innovation and Entrepreneurship

Peter Drucker conhecia bem Portugal que visitou na companhia da sua mulher e considerava os portugueses “desenrascados” e empreendedores pelo facto de terem tido a sorte de nunca ter existido em Portugal um Governo central eficaz.

A filosofia de Drucker assenta no facto de considerar que a gestão é uma arte que tem a ver com as pessoas e os seus valores, o seu desenvolvimento, a estrutura social, a comunidade e com os valores da responsabilidade social e ética empresarial. Nos últimos anos da sua vida investiu grande parte do seu tempo disponível a trabalhar para organizações sem fins lucrativos (o terceiro sector), muitas vezes “pro bono”.

Morreu o visionário da gestão. Morreu o homem que, no final dos anos 40, foi o primeiro professor a ensinar formalmente a disciplina de gestão, que defendia que, numa organização, as preocupações com o marketing e com a inovação devem vir sempre antes das preocupações com as finanças. Morreu o defensor da gestão por objectivos, da inovação, do empowerment, da gestão do conhecimento e da qualificação dos trabalhadores. Morreu o homem que trabalhou com muitas das maiores empresas mundiais, com pequenas empresas empreendedoras, com organizações não lucrativas e agências dos governos dos Estados Unidos, Canadá e Japão. Morreu o homem que com uma simples declaração fazia mudar o modo como alguns dos mais poderosos gestores mundiais geriam os seus negócios.
Fica a sua obra.

Até sempre professor.

1 Comments:

At quinta-feira, novembro 24, 2005 9:09:00 PM, Anonymous Anônimo said...

Boa ideia esta do blog.

Não tinha sabido ainda (no dia 21 qd visitei o blog pela 1ªa vez) que o Prof Peter Drucker tinha falecido.
Era um descomplicador, fazia-nos pensar e vai fazer-nos falta no mundo da gestão.
Como sempre vai ser agora que vamos perceber o seu verdadeiro valor. Ainda vamos a tempo...

PS: Só não comentei na altura pois pensava que os comentários eram só para "team members"

 

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