sexta-feira, dezembro 12, 2008

Vamos debater a Educação - 5 - Avaliação: 10 mitos desmistificados

Mito 1 – É um processo muito pesado e burocrático

Não. Os professores avaliados, cerca de 70% do total de professores, apenas intervêm no processo na definição dos seus objectivos individuais e na auto-avaliação. A definição dos objectivos, que inicia o processo de avaliação, segue as orientações de cada escola e é um processo semelhante ao adoptado em todas as organizações. É em função destes objectivos que cada avaliado preenche, no fim do ciclo avaliativo, a ficha de auto-avaliação. Os professores avaliadores têm um volume de trabalho maior, motivo pelo qual lhes foram atribuídas condições especiais de horário.


Mito 2 – A avaliação impede os professores de dar aulas

Não, uma vez que os professores avaliados têm intervenções pontuais no processo, e os horários dos professores avaliadores já integram, regra geral, as horas necessárias ao exercício das actividades de avaliação. Além disso, eventuais necessidades adicionais de redução de horário, na sequência das recentes medidas de simplificação da aplicação do modelo de avaliação, poderão ser ultrapassadas por recurso ao pagamento de horas extraordinárias, de forma a evitar que os professores abandonem as suas turmas.


Mito 3 – O modelo de avaliação de desempenho docente não é exequível

O modelo de avaliação está a ser aplicado em muitas escolas e milhares de professores já desenvolveram, no corrente ano lectivo, actividades associadas à concretização da avaliação. No entanto, face a dificuldades identificadas por escolas e professores, foram tomadas medidas que visam a melhoria das condições de concretização da avaliação.


Mito 4 – Os professores têm que organizar um portefólio exaustivo e complexo.

Não. A escola apenas deverá requerer que o professor reúna elementos decorrentes do exercício da sua profissão que não constem dos registos e dos sistemas de informação da escola e que sejam relevantes para a avaliação do seu desempenho. Aliás, no modelo de avaliação anterior, todos os professores já tinham de organizar um portefólio para poderem ser avaliados, constituindo este (juntamente com o relatório crítico de auto-avaliação) o único instrumento de avaliação.


Mito 5 – As escolas têm que registar o desempenho dos avaliados em instrumentos complexos

Os instrumentos de registo de informação e indicadores de medida são definidos e elaborados nas escolas, no quadro da sua autonomia, devendo estes ser simples e claros. Nos casos em que tenham sido definidos procedimentos e instrumentos demasiado complexos, as direcções executivas das escolas devem garantir a sua simplificação, estando o Ministério da Educação a apoiar este trabalho junto de todas as escolas.


Mito 6 – Os professores avaliam-se uns aos outros

A avaliação de desempenho docente é feita no interior da cada escola, sendo avaliadores os membros do órgão executivo e os professores coordenadores de departamento, que exercem funções de chefias intermédias. Não se trata, pois, de pares que se avaliam uns aos outros, mas de professores mais experientes, investidos de um estatuto específico, que lhes foi conferido pelo exercício de um poder hierárquico ou pela nomeação na categoria de professor titular.


Mito 7 – Os professores titulares não são competentes para avaliar

Acederam à categoria de professor titular, numa primeira fase, aqueles que cumpriam critérios de experiência profissional, formação e habilitações considerados fundamentais para o exercício de funções de maior complexidade, como sejam a coordenação do trabalho, o apoio e orientação dos restantes docentes e a avaliação de desempenho. Assim, não é compreensível nem sustentável a ideia de que os cerca de 35 000 professores titulares que existem actualmente, seleccionados, por concurso, de entre os professores mais experientes, não tenham as competências necessárias ao exercício da função de avaliador.


Mito 8 – Avaliados e avaliadores competem pelas mesmas quotas

Não. As percentagens definidas para a atribuição das menções qualitativas de Excelente e Muito Bom, em cada escola, são aplicadas separadamente aos diferentes grupos de docentes. Está assim, assegurada a atribuição separada de quotas a avaliadores e avaliados.


Mito 9 – A estruturação na carreira impede os professores de progredir

Não. Todos aqueles que obtiverem a classificação de Bom (para a qual não existem quotas) podem progredir na carreira. Para além disso, é importante referir que, neste primeiro ciclo avaliativo, os efeitos de eventuais classificações negativas ficam condicionados ao resultado de uma avaliação a realizar no ciclo avaliativo seguinte. Ou seja, uma classificação negativa só terá consequências na carreira se for confirmada na avaliação seguinte.


Mito 10 – A avaliação de desempenho é injusta e prejudica os professores

Este modelo não prejudica os professores, assegurando as condições para a progressão normal na carreira, incluindo o acesso à categoria de professor titular, para quem atinja a classificação de Bom, para a qual não existem quotas. Neste período transitório existe uma protecção adicional para os professores, que decorre da não aplicação de efeitos das classificações negativas. É, assim, mais vantajoso que o sistema em vigor para a administração pública.

6 Comments:

At sexta-feira, dezembro 12, 2008 12:38:00 PM, Anonymous Anônimo said...

Então conclui-se: Os 120000 prof. são todos parvos. O Mário Nogueira não precisará de ler isto????

 
At sexta-feira, dezembro 12, 2008 4:49:00 PM, Blogger José Teixeira said...

Há sempre vários pontos de vista o que é salutar se devidamente respeitados.
O processo de avaliação não é o bicho de sete cabeças que alguns profes e o representante da FENPROF pretendem fazer crer. Acredito que tem arestas a ser limadas e para isso é fundamental que os próprios profes assumam que a sua colaboração é fundamental.
O processo negocial aparece neste momento ferido por ambas as partes. Por um lado o governo, fruto da legitimação democrática não abre mão do que considera ser uma reforma histórica, por outro lado o sindicato defende uma classe coorporativista que se recusa a alterar o que quer que seja dos seus estautos.
Quando temos um país refem de uma classe estamos a por em causa a legitimidade do governo o que me parece incorrecto.
Só um aparte, curioso que neste país de completas liberdades só fazem greve os trabalhadores do estado ou afins. É uma nova realidade. Os que trabalham em empresas privadas hà muito que entenderam que o que se pretende é defender os empregos de uma forma inteligente, exemplo disso: as negociações do sindicato dos metalurgicos na fábrica da AE em Palmela.
Quando vejo imagens de manifestações de profes, que me desculpem muitos deles já que nem todos se podem meter no mesmo saco, com todo aquele ar de adolescentes barbudos só me vem à cabeça que a muitas senhoras que ali andam a saltar e a dizer palavras de ordem ridículamente infantis, deveriam sentar-se durante uma semana a uma máquina de costura, depois ao almoço abrir a marmita e comer sobre as pernas para então saberes o que custa a vida.
jà vou longo mas ainda digo que na verdade todas as refeormas que foram feitas no ensino ao longo dos últimos 25 anos foram pensadas por trolhas ou mesmo por mim e como tal sinto-me responsável pela falta de qualidade do ensino. Sim devo ter sido eu já que a escutar os profes concluo fácilmente que eles nada têm a ver com isso.
Para acabar, imaginam eu ou todos os trabalhadores da empresa onde trabalho a dizer à entidade patronal: não fazemos, nós não queremos ser avaliados patronal. Imaginam?

 
At sábado, dezembro 13, 2008 12:42:00 AM, Blogger Manuel Carvalho said...

Já vi estes "mitos" todos assinados pelo chefe de gabinete do secretário-geral do PS. Talvez fosse interessante juntar alguns não-mitos, como por exemplo os que podem ser lidos aqui http://educar.wordpress.com/2008/12/12/balsamos/

 
At sábado, dezembro 13, 2008 12:11:00 PM, Blogger RM said...

Caro Manuel Carvalho

Obrigado pelo conselho. De facto fui lá espreitar e vi o relato e oscomentários da experiência de professores tão bons, tão bons, que eu até nem sei porque é que têm medo de ser avaliados. Falta de confiança ou dúvida da justiça dos avaliadores?

Olhe. Eu sou professor há alguns anos (mais própriamente 33) e há muitos que sou avaliado pelos alunos. E esse facto tem sido importante no meu desenvolvimento enquanto professor. Claro que às vezes fico com o ego ferido. Mas... feita a autocritica, lá vai ser incorporada no meu modelo de ensino do ano seguinte.

E se é leitor do blog sabe que gosto de ser frontal e sempre lhe digo que da forma como recebemos os alunos no ensino superior, parece que há muitos professores que não andam a cumprir as suas obrigações. Talvez seja essa a origem de tanto medo às avaliações.

E não julgue que a nossa tarefa no superior é simples. Recebemos alunos com origem heterógenea e normalmente insuficiente formação(bom seria que eles soubessem ler, escrever, contar e raciocinar correctamente), com uma cultura básica mínima e, a meu ver, sem uma adequada postura perante o ensino (e perante a vida).

Depois... acredite que não é fácil fazer avaliação contínua a turmas numerosas (tenho turmas com 75 e 45 alunos), muito longe certamente das turmas reduzidas de que fala o tal blog anónimo. Das condições materiais nem falo. Mas quando vejo a falta de condições lembro-me das aulas (facultativas)que um professor do ISE nos deu no Jardim da Estrela para podermos estar preparados para exame logo que a escola abrisse depois da justa greve às aulas. Foram aquelas em que mais senti o respeito pelo professor e pelo seu trabalho e aquelas em que mais aprendi.

E fico por aqui por agora. Mas sempre lhe digo que ser avaliado pelos alunos é das coisas mais importantes (e gratificantes) que pode existir no nosso processo de crescimento enquanto professores.
Bem. A estima dos ex-alunos que ingressados no mercado de trabalho e face às múltiplas exigências da vida finalmente compreenderam as razões das exigências e, muitas vezes, das intransigências deste a quem a providência deu a felicidade de poder ser professor, também não é de menosprezar.

Mas isso são contas doutro rosário

Abraço
Raul Martins

 
At domingo, dezembro 14, 2008 6:33:00 PM, Anonymous Anônimo said...

DR. já leu isto?

A nossa produtividade é uma lástima. É por isso que não devemos espantar-nos com a insistência com que os organismos especializados abordam este tema, sempre que falam de nós: é indispensável, é imperioso, é urgente melhorar a produtividade! Questão mais difícil: como é que isso se faz?
Para resolver um problema, precisamos de conhecer as causas que o originam. No caso da baixa produtividade, essas causas são essencialmente três: as condições de trabalho, associadas à organização das empresas e à qualidade dos gestores; a burocracia envolvente, que emana das funções do Estado; e a qualidade da mão-de-obra, fruto da escolaridade que herdámos dos nossos avós. Mas a razão principal é esta última: somos maus porque não cuidámos da Educação.

Cuidar da Educação, a nível nacional, é uma tarefa hercúlea mas gratificante. No centro do processo, como é óbvio, hão-de estar os professores. A política a seguir, definida pelo Governo e acompanhada pelas escolas, deverá passar pela fixação de objectivos, pela escolha de meios e pela avaliação de resultados. E, como sempre acontece, da avaliação há-de resultar que uns professores são melhores do que outros. Tudo bem: os melhores deverão ser premiados e a vida continua.

É aqui que surge o problema: os professores rejeitam avaliações. Claro que não é isso que dizem, mas é isso que se intui do que fazem. É curioso, aliás, como eles são contra tudo o que mexe e logo a seguir fazem greve. Foi assim em 2005, já não me recordo porquê; foi assim em 2006, porque não gostavam dos horários; é assim em 2008, porque a avaliação é uma chatice. Birrinhas corporativas: no fundo, eles não querem perder privilégios. E nós? Vamos querer que eles não queiram?

A resposta está nas mãos de Sócrates. E creio que já não haverá meio-termo: ou cede ou não cede à chantagem dos professores. Se optar pela cedência, o melhor é esquecermos a reforma da Educação, pelo menos por mais dez anos. Será a vitória do corporativismo balofo, do sindicalismo incoerente, dos partidos bota-abaixo. Será também a derrota dos que se opõem à terra queimada. A “luta” dos professores é uma luta contra o desenvolvimento do país.

Daniel Amaral - Diário Económico

http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/opinion/columnistas/pt/desarrollo/1191452.html

 
At quarta-feira, dezembro 17, 2008 5:35:00 PM, Anonymous Anônimo said...

Caro RM,´
Se não fosse pelo facto do senhor ser militante do PS, diria que é um perfeito ignorante daquilo que julga saber.
Quem lhe disse que os professores titulares / avaliadores foram seleccionados entre os que tinham mais habilitações? Será que essa contaram só para si?
Enfim é fácil julgar professores, funcionários públicos como justificadores da desgovernação deste país. Afinal, daqueles a quem somos obrigados a pagar balúrdios todos os meses, entre os quais bancos, seguradoras, empresas públicas (com administradorzinhos mal pagos...) nem se fala. Porque será? Porque trabalham bem de mais não é? Porque coitadinhos nem direitos têm...
Mas os professores, esses sim são uns privilegiados! Tal como dizia há dias um cronista de um qualquer jornal, que o futuro dos professores, não será mais do que meros baby sitters , funcionando a escola como mero depósito de recolha das crianças das 8 às 18, com pena de não haver camaratas para elas poderem pernoitar, pois os pais há muito deixaram de ter tempo para os filhos.
Na verdade não consigo deixar de me questionar quem foram os ilustres professores que ensinaram estas cabeças pensadoras governantes! Gente de outro mundo com certeza!
O problema de fundo não é nem nunca foi a educação. Talvez sim seja a educação de todos nós! A evolução dos tempos dita e ditará um constante acompanhamento e abordagem de novas metodologias. Os professores nunca o negaram e sempre estiveram receptivos a novas formações / actualizações. São necessárias.
A sociedade está em constante mutação e mal de nós se não acompanharmos esse processo. Uma criança hoje é e toda a gente o sabe, comportamentalmente distinta de uma criança de há 30 anos atrás. Agora uma coisa é certa, não é à custa de contenções financeiras, baseadas em pressupostos pouco claros sobre como educar que se fará este país avançar. É pura demagogia!
Deixou-se de falar da classe médica! Quando os nossos governantes a pretendiam visar, a classe opôs-se e facilmente caíram no esquecimento os diferendos. É força da classe ou somente o incómodo político que gera a tomada de uma posição mais drástica, sobre aqueles que tem o privilégio de decidir da vida ou morte?
Hipocrisia parece a nota dominante.
Tudo roda em volta de cifrões, de mediatismo. O que se faz, não se faz para surtir qualquer efeito, mas tão somente para dizer que se faz, que se afronta. Os discursos da incoerência são mais do que muitos. O que hoje é, amanhã era!
Centenas de escolas continuam sem aquecimento, com poucas condições de acolhimento, sem materiais didácticos, sem tinteiros para impressoras, sem papel, sem acesso à internet, com os professores muitas vezes a porem dos seus bolsos, dinheiro para aquisição de materiais.
Mas essas realidades não interessam a ninguém. Não dão primeiras páginas. Enfim…Portugal no seu melhor!

Nota – Não tenho qualquer interesse partidário, não perfilho qualquer ideologia, mas custa-me ver quem se diz político afirmar umas babosices só para ficar bem na fotografia.. Ah! e também não sou professor nem funcionário público.

 

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