domingo, dezembro 07, 2008

Vamos debater a Educação? - 1

Abrimos aqui um espaço de debate sobre o estado da nossa educação, iniciando a publicação de alguns textos (provocatórios?) com posições sobre a matéria.

Ficamos à espera dos vossos comentários (e de textos para publicação e reflexão).



"SÉQUESSO"

A pátria adora conversar sobre professores. A pátria, porém, nunca fala sobre educação. Portugal ainda não arranjou coragem para lidar com este facto: os alunos acabam o secundário sem saber escrever. Parece que os professores vão fazer uma "marcha da indignação". Pois muito bem. Eu também vou fazer uma marcha indignada. Vou descer a avenida com a seguinte tarja: "os alunos portugueses conseguem tirar cursos superiores sem saber escrever".

A coisa mais básica - saber escrever - deixou de ser relevante na escola portuguesa. De quem é a culpa? Dos professores? Certo. Do Ministério? Certo. Mas os principais culpados são os próprios pais. Mães e pais vivem obcecados com o culto decadente da psicologia infantil. Não se pode repreender o "menino" porque isso é excesso de autoridade, diz o psicólogo. Portanto, o petiz pode ser mal-educado para o professor. Não se pode dizer que o "menino" escreve mal porque isso pode afectar a sua auto-estima. Ou seja, o rapaz pode ser burro, desde que seja feliz. O professor não pode marcar trabalhos para casa porque o "menino" deve ter tempo para brincar. Genial: o "menino" não passa de um mostrengo mimado que não respeita professores e colegas. Mais: este mostrengo nunca reconhece os seus próprios erros; na sua cabeça, "sexo" será sempre "séquesso". Neste mundo Peter Pan os erros não existem e as coisas até mudam de nome. O "menino" não escreve mal; o "menino" faz, isso sim, escrita criativa. O "menino" não sabe escrever a palavra "recensão", mas é um Eça em potência.

Caro leitor, se quer culpar alguém pelo estado lastimável da educação, então só tem uma coisa a fazer: olhe-se ao espelho. E já agora, desmarque a próxima consulta do "menino" no psicólogo.

Henrique Raposo
henrique.raposo79@gmail.com
Expresso

1 Comments:

At domingo, dezembro 07, 2008 11:45:00 PM, Blogger O Aguadeiro said...

Meu Caro:
Em tempos não muito antigos comíamos a carne e o peixe que a natureza “fabricava”.
A abundância não era muita porque estávamos sujeitos às intempéries que poderiam facilitar que as couves nascessem, crescessem no tempo, e no sítio certo.
O mesmo acontecia com o peixe. Não se comia quando queríamos porque também esse nem sempre era fácil de pescar no mar ou na ria.
Os animais demoravam e eram difíceis de criar. Tudo era difícil e caro, mas o que tínhamos era de qualidade.
Depois vieram os adubos e as rações químicas, para logo de seguida virem aviários, pocilgas e viveiros.
Hoje faz-se legumes, frangos, perus, galinhas e porcos em meia dúzia de dias.
É certo que não temos qualidade, mas há muita quantidade e barata.

A Educação, funcionou e funciona, um pouco assim.

Nem sempre tivemos doutores à mão de semear, as causas foram muitas, e o Estado, teve e tem, a sua quota-parte de culpa.
Antigamente só quem tinha um pai rico é que era doutor, fosse esperto ou fosse “burro”.
Hoje em dia, burros e inteligentes, são todos doutores.
Os pais querem filhos doutores, os filhos não sabem o que querem, andam ano atrás de ano a mudar de curso, e o estado, nem é melhor nem pior que eles, é igual, quer doutores e pronto.
Depois, alguns professores hoje em dia, são como alguns polícias e alguns militares, podem não sentir vocação para as funções que estão a desempenhar, o que é mau, muito mau mesmo.
Mas têm de ganhar o pão-nosso de cada dia, e assim, por lá andam.
.
Mas o rapaz ou a rapariga, tem de ser doutor à força. Podem não ligar peva, ou serem “burros como uma porta” (o que é feio, e pouco democrático dizer) mas há ajudas para que seja doutor, tem de ser doutor mesmo “analfabeto” ter ou não ter capacidade, isso não é problema.

Há decretos e leis + psicólogos que dizem que tem de ser ajudado, e tem de ser doutor, ponto final. O pior é depois…
Cá fora, as instituições e empresas já não vão na conversa dos diplomas, disso há por aí às resmas. Fazem-lhes exames a sério, para saberem como é, e os chumbos são muitos, porque nem há ajuda de decretos, nem de leis, nem dos professores que facilitam.

Por isso a maioria dos nossos jovens doutores, salvo raras excepções, andam a coçar esquinas, porque não conseguem arranjar emprego como doutores...
Bem vistas as coisas a culpa não é só deles, é de muitos, se calhar, de todos nós.

 

Postar um comentário

<< Home