segunda-feira, fevereiro 25, 2008

O Presidente da Junta de Cacia e a responsabilidade pelo estado a que a Ria chegou.

1- Numa recente entrevista o Sr. Presidente da Junta de Cacia acusou-me de “ser o grande responsável pela situação que se vive na Ria de Aveiro” e de, “contrariamente ao que estava na altura na Lei que criou o Porto de Aveiro (?), ter assumido que só tomava conta da parte do porto e que no resto que era zona da JAPA e que ia do Carregal de Ovar à Barrinha de Mira, nem punha um tostão”.

2- Palavras insensatas e enganosas de quem estudou na “cartilha” do actual executivo municipal e, igualmente, procura esconder a sua total incapacidade para o exercício das funções em que foi investido, lançando acusações para cima de outros com o fito de fazer escamotear que, passados dois anos da sua tomada de posse, nada apresenta a crédito da sua obrigação de cuidar dos interesses dos seus fregueses. Ineficácia que, na sua mentalidade de assistido, se justifica pelo facto de outros não lhe fazerem as obras para as quais não tem meios, capacidade de influência ou “unhas” para executar.

3- Hesitei em responder ao Sr. Calafate, certo que a sua voz não chegará ao Céu e porque conclui imediatamente que, com tão miserável e ignorante afirmação, apenas pretendia obter publicidade fácil, à minha custa. Porém, porque não estou totalmente certo que as vozes que não chegam ao Céu, não possam ser ouvidas e amplificadas na Terra por pessoas com a mesma formatação moral e, igualmente, porque, como a maioria dos Aveirenses, sofro as funestas consequências do facto de um Presidente da Junta ter chegado a Presidente da Câmara, venho repor a verdade dos factos, não vá o Sr. Presidente da Junta ter ficado deslumbrado com os seus 5 minutos de fama e pretender “voar” mais alto, sem que alguém lhe recorde as botas de chumbo que tem calçadas, desmentindo as aleivosias que não teve pejo em lançar. Não só sobre mim mas especialmente sobre a APA, que é uma organização que deve merecer o maior respeito de todos os Aveirenses.

4- Começo por dizer que nem tudo são mentiras no arrazoado do Sr. Calafate. De facto, tive muita honra em ter liderado, de Novembro de 1998 a Maio de 2002, a Administração da APA, SA., criada para assegurar o regular funcionamento do Porto de Aveiro nos seus múltiplos aspectos, entre os quais os de ordem económica, financeira e patrimonial, bem como a gestão do Domínio Público Marítimo no âmbito da antiga área de jurisdição da JAPA e até à sua redefinição. Esta redefinição ficou imediatamente prevista no diploma de criação da APA e acabaria por ser posteriormente corrigida pelo Decreto-Lei nº 40/2002, de 28 de Fevereiro, o qual alterou a sua área de jurisdição, tendo transferido as competências do domínio hídrico, fora da área estritamente portuária, para o Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território.

5- Ora o Sr. Calafate, manifestando total ausência de pudor pelo respeito que a verdade merece, acusa-me de nada ter feito fora da área do Porto no meu mandato, acusação que é tão mais grave porquanto tem conhecimento pessoal e directo de algumas das obras realizadas.

6- Não gastando muita cera com assunto que julgo não a merecer, não trarei para cima da mesa, entre outras, a construção do Porto de Recreio da NADO (Ovar) e do Porto de Recreio e abrigo da Torreira (Murtosa), efectuadas na área de jurisdição da APA durante o meu mandato. Relembrarei apenas, entre outros, os seguintes trabalhos totalmente executados a expensas da APA, fora da Zona Portuária, nas quais foram despendidas avultadas verbas.

7- Reparação de vários rombos na EN 327 (Aveiro, Murtosa, 1999), reparação de vários rombos junto à Ponte Juncal Ancho (Ílhavo, 1999), colocação de paliçadas nos depósitos do cordão dunar (Vagos, 2001), ordenamento dos acessos e protecção das dunas (Ílhavo, 2001), reparação das motas do rio Antuã junto à Ponte das Vacas (Estarreja, 2001), reparação das margens do esteiro de Canelas (Estarreja, 2002), reparação das margens do esteiro de Salreu (Estarreja, 2002), etc.

8- Estes são alguns exemplos que me ocorrem, mas sei que a APA realizou obras e participou em projectos com as Câmaras vizinhas. Estou-me a lembrar, por exemplo, na participação nas despesas da reconstrução dos muros dos canais da Cidade de Aveiro, continuando aliás o meritório trabalho que a JAPA vinha a fazer, pese embora a nova realidade empresarial da APA desaconselhar estas despesas.

9- Mas, como íamos a dizer, o Sr. Calafate tem conhecimento directo e pessoal de algumas destas obras terem sido realizadas. É que, na sua condição de agricultor e proprietário de terrenos na zona do Baixo Vouga (condição que, a título de registo de interesses deveria ter indicado na sua entrevista e que, de alguma forma, podem justificar algumas das suas declarações) era, na altura em que estive na APA, o Presidente da Direcção da Associação de Beneficiários do Baixo Vouga (Abbv) e, em 9 de Novembro de 2001, assinou com a APA (por mim representada), em nome dessa Associação, um protocolo para reparar e restabelecer os caminhos agrícolas do Baixo Vouga que haviam sido danificados no Inverno anterior pelas fortes intempéries associadas à excepcional pluviosidade então registada.

10- Como a dita Associação alegava não dispor de recursos financeiros, técnicos e humanos, nem experiência para elaborar os indispensáveis projectos ou desencadear os necessários mecanismos legais para promover a execução das obras em questão (onde é que já ouvi este fado?) e, embora se reconhecesse que a execução das obras de protecção de terrenos agrícolas das cheias deveria competir à Direcção Regional da Agricultura (que também não dispunha de meios), a APA comprometeu-se, assumindo as consequências advenientes de uma política de elevada responsabilidade social, a realizar os projectos e a efectuar a totalidade das obras. A Abbv, por seu lado, assumiu candidatar-se aos fundos nacionais e comunitários disponíveis e a transferir para a APA a comparticipação nas obras que lhe fosse atribuída na candidatura que iria apresentar ao Programa Agris, verba que lhe seria facturada pela APA.

11- Estas verbas nunca acabariam por ser transferidas pois, uma vez concluídas (e pagas pela APA) as obras, o Sr. Calafate remeteu, sem mais, à APA, a cópia de um ofício de 04/04/2002, da Abbv, por si assinado e dirigido ao Sr. Director Regional da Agricultura da Beira Litoral, solicitando a anulação da candidatura que a Associação oportunamente havia remetido e a que tinha sido dado o nº 2002300013147.

12- Não gostaria de explorar politicamente este assunto, o qual desejo que fique por aqui e apenas o trago a público para que os leitores possam avaliar a moralidade de quem, conscientemente, fez tão injustas e enganosa acusações à minha actuação enquanto presidente do CA da APA, SA.

13- Uma última nota. O Sr. Calafate poderá informar quais as obras que o Sr. Eng.º Braga da Cruz, meu sucessor na APA e que foi escolhido pelo seu partido, fez fora da área Portuária? Como, certamente, não me quererá responder, eu respondo por si. Nenhuma! E olhe que não foi por falta de dinheiro que, quando eu saí, deixei-lhe os cofres bem recheados. E, já agora, se vai dizer que não o fez porque a jurisdição da área passou a pertencer ao Ministério do Ambiente, pode-me dar um exemplo de uma obra na Ria feita durante os consulados de Durão Barroso e Santana Lopes. Não consegue pois não?

14- E, embora não seja necessário responder porque, nesta altura, já todos os leitores conseguem facilmente adivinhar a razão, pode-nos dizer porque é que nunca afrontou publicamente com o mesmo vigor, pelo menos que tenhamos alguma vez lido, o Sr. Director Regional da Agricultura da Beira Litoral, por não proceder às obras que reclama de protecção dos terrenos agrícolas, ou o Sr. Presidente do Conselho de Administração da Portucel, pelos infortunados episódios poluidores que, por vezes, tem provocado?

15- Sr. Casimiro Calafate. Deixe-se de tentar empurrar para cima de outros as suas incapacidades e tente fazer algo pelas laboriosas e honradas gentes da sua freguesia, que bem merecem e estão fartas de o ouvir a dar-lhes “música”. E não use a mentira e a calúnia, que são as armas dos fracos. Olhe que os eleitores de Cacia estão atentos e, depois destas suas afirmações, nunca mais irão acreditar em si como faziam antes.

DA, 26/02/2008

4 Comments:

At terça-feira, fevereiro 26, 2008 12:37:00 AM, Anonymous Anônimo said...

Isso é Hiper - actividade.

 
At terça-feira, fevereiro 26, 2008 3:26:00 AM, Blogger ZÉ FAGOTE said...

Com que então há sujeitos calçados com botas de chumbo que cismam serem andorinhas e querem voar nos céus? Gostei dessa!
Li a entrevista. O homem efectivamente desconsiderou o que pôde o trabalho da A.P.A e acossou a sua pessoa.
Para qualquer pessoa de bom senso vê á distancia que à falta de trabalho e de ideias para satisfazer o mais básico das necessidades da população de Cacia que andam a saltitar e a fugir das buracadas em que se transformaram as suas ruas, os jornais são o sítio ideal para disparar tiros furtivos sobre assuntos que não dominam distraindo as pessoas do essencial.
As obras no interesse da comunidade não é nenhuma, está tudo por fazer, mas claro, uma andorinha sonha com o Céu e não com a terra.
Por outro lado, embora bacoca não deixa de ser uma estratégia do grupo da Coligação a que o senhor pertence, já que, ele, e outras testas de ferro, vão dando o corpo ao manifesto muito vezes ridicularizando-se, para ir ocupando a Oposição com assuntos menores que nem mereciam resposta. E enquanto isso acontece a Câmara vai safando o coiro político de críticas.
A Moveaveiro bateu no fundo. O senhor Vereador que é o presidente do Conselho de Administração não resolve coisíssima nenhuma, e enquanto estes dramas se vão desenvolvendo e materializando, vão aparecendo botas de chumbo a fazer de uma Junta de Freguesia um Pagode Chinês...

 
At terça-feira, fevereiro 26, 2008 1:43:00 PM, Anonymous Anônimo said...

Meus amigos.
Eu, no lugar do Sr.Calafate, fechava-me em casa e num quarto bem "calafetado" durante os próximos dois anos, para nem ser visto nem lembrado...nas próximas eleições, claro!
Um homem maduro, julgo, deveria ter pensado que o atiraram para a fogueira, mas teve azar com quem se meteu (era o alvo que queriam atingir ,como é evidente, por ser o lider do PS-Aveiro).
Pode ser que tenha aprendido a lição.
Estou á espera para ver qual o próximo "bacoco" que vai cair na asneira de "os servir" para idêntica figura triste.
Cumprimentos.
Maréboa

 
At terça-feira, fevereiro 26, 2008 10:20:00 PM, Anonymous Anônimo said...

Amaldiçoada seja a hora em que votei no Casimiro Calafate. Fora o jardim infantil que foi a camara que fez é só buracos. Cacia nunca esteve tão mal. Mas com aquele ar simpático engana muita gente.
Cacieiro

 

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