domingo, dezembro 11, 2005

LEITÃO DA BAIRRADA

O Jorge Fiel escreve esta semana no Expresso um interessante e pedagógico artigo, sob o título Leitão da Bairrada que, no meu entender, ninguém deverá deixar de ler.

Começando por afirmar:

“Na minha opinião o melhor leitão assado à moda da Bairrada não se come na Mealhada mas sim no Vidal, um restaurante que fica em Aguada de Baixo…”

opinião que é partilhada por muitos dos que apreciam esse manjar dos deuses e, fazendo uma análise ligeira, mas acertada, da “indústria”, acaba por concluir que:

“Regra geral, a livre concorrência é óptima para os consumidores porque reduz os preços e aumenta a gama de oferta – e é magnífica para as empresas, que aumentam a sua eficiência. Mas o caso do leitão assado à moda da Bairrada ensina-nos que nem sempre a concorrência estimula a qualidade. Sem questionar a eficácia da mão invisível, a verdade é que o mercado entregue a si próprio nem sempre traz a felicidade”.


Ora aí está outro ponto em que comungamos totalmente de opinião. Para mim no que diz respeito a visibilidade e a mãos, só “A Mão Vísivel” de Chandler.

Aos que perfilham a tese da “Mão Invisível” desafio-os a testarem a qualidade do bicho nos vários restaurantes da região e vamos lá a ver se a nossa margem tem ou não razão. Peço desculpa ao Vidal por assim poder afastar, temporariamente, alguns dos seus potenciais clientes, para a concorrência, mas toda a gente sabe que ele não precisa de publicidade suplementar.

Quanto ao Jorge Fiel obrigado pelo artigo e por se lembrar de utilizar o caso do leitão. E já agora porque não fazer outras pesquisas de mercado de produtos da nossa região para provar empiricamente a sua (e a nossa) tese e depois apresentar os resultados no Expresso. Que tal para começar os ovos-moles, o bacalhau e os espumantes. Mas há muito que investigar: as enguias, a chanfana, a carne marinhoa e arouquesa e no que diz respeito a doces, o pão-de-ló, as fogaças, as morcelas, etc. etc. Quanto a vinhos e digestivos nem é bom falar.

E quanto às despesas do trabalho de campo não se preocupe. Haverá sempre alguém disposto a ajudar um (bom) investigador. Cuide é à partida de garantir o patrocínio de um bom ginásio, para quando regressar a Lisboa (se quiser regressar).
Mas não se esqueça: Os quilitos a mais pode-os perder; Mas o sorriso de felicidade que ficará estampado no seu rosto, nem as atitudes nem os actos de alguns dos economistas da nossa praça, jamais lho farão perder.

2 Comments:

At domingo, dezembro 11, 2005 6:50:00 PM, Anonymous Anônimo said...

Isto não terá a ver apenas e só com a massificação de um produto que se quer artesanal?
Não é verdade que o que se produz em grandes quantidades torna o produto mais barato mas também inferior?
A mão invisível pressupõe que os agentes se preocupam com o mercado, ou seja com os seus consumidores por via do produto/serviço.
Muitas vezes esta transição na percepção do mercado como sendo este "os consumidores" falha, e aí a mão invisível ou visível pouco pode fazer (a menos que por via de normas específicas e aplicáveis).

 
At segunda-feira, dezembro 12, 2005 1:31:00 PM, Blogger RM said...

Touché...

 

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