O Negócio das Piscinas

Os leitores do Margem Esquerda devem estranhar muito o meu silêncio e inacção relativamente ao tortuoso e sombrio processo da venda do terreno das piscinas ao Beira-Mar. Principalmente depois de ter escrito o que escrevi.

De facto, como quem me conhece sabe, não pretendo nem nunca aqui pretendi perseguir pessoalmente ninguém e procuro que as minhas opiniões sejam tão equitativas quanto possível. Ao apresentar aquilo que me contaram sobre os contornos deste "negócio" apenas pretendi trazer a público aquilo que, na minha opinião, é mais um acto que lesa profundamente o Município de Aveiro e os Aveirenses, perpetrado pelo executivo chefiado pelo Dr. Élio Maia, que passaria despercebido se ninguém o tornasse público.

Nada me move pessoalmente contra o Dr. Élio Maia e os seus vereadores. A única coisa que me move é aquilo que eu entendo ser o superior interesse de Aveiro e dos Aveirenses que tão prejudicado tem sido pelos sucessivos erros, incapacidades e incompetências deste executivo que vem a desgovernar o Município nestes últimos 4 anos.

E muitos dos que não gostam da mensagem não atribuam as culpas e não queiram degolar o mensageiro que, felizmente, nada tem a ver com aquilo que transmite.

Pouco tenho falado sobre o assunto. Mas agora que o BE, na sua pose justicialista de esquerda caviar, entregou uma denúncia sobre este assunto no Ministério Público, que o PCP, veio condenar um processo a que deu o seu voto concordante na Assembleia Municipal e o CDS nada diz assumindo a triste condição de ser o último a saber, convirá que também emita algumas opiniões sobre todo este imbróglio que, no meu entender, ainda vai dar pano para muitas mangas.

E fá-lo-ei (embora mais tarde que hoje não tenho tempo) subdividindo a minha análise em 3 partes que considero cruciais em todo este processo e podem, no meu entender, acarretar responsabilidades pessoais ao Dr. Élio Maia e, eventualmente, se assim for entendido por quem de direito, acarretar-lhe perda de mandato.

1 - O tempo e o modo do negócio.

2 - A história do cheque e a eventual responsabilidade pessoal do Dr. Élio Maia.

3 - A eventual existência de um processo de financiamento ao futebol profissional.

Fá-lo-ei mas, como disse, mais tarde. Mas gostaria de explicar a razão de não termos denunciado todo este processo ao Ministério Público, como oportunística e impensadamente o BE acabou por fazer.

Não o fizemos porque sabíamos que se a denúncia fosse nominativa o Dr. Élio Maia seria, certamente, constituído arguido. E não queríamos que esse facto (mal compreendido pelo comum das populações que, ignorantemente, consideram que uma pesoa só por ser constituído arguido cometeu, efectivamente, um delito e imediatamente o trata de condenar na praça pública), tivesse influência no processo eleitoral que está a decorrer.

Eu sou socialista e desejo firmemente que o PS vença as próximas eleições (nas quais sou candidato do PS à Assembleia Municipal), e retirar ao Dr. Élio Mais a condução dos destinos municipais que, em hora aziaga, os Aveirenses lhe entregaram nas suas mãos. Mas quero ganhar sem as interferências que esse facto poderá causar.

E se isso acontecesse e viesse a público estou certo que o Dr. Élio Maia teria mote para a sua campanha vazia de ideias (sou um infeliz, nada fiz de mal, fui enganado, tudo o que eu fiz foi no interesse da autarquia e vejam lá agora até me constituíram arguido).

Por isso e para que esse eventual acontecimento deixe de poder ser o fulcro da campanha e se discutam as ideias, os projectos e os protagonistas que os vários grupos políticos apresentam, exorto o Dr. Élio Maia para que junto do Ministério Público e no âmbito da denúncia apresentada, solicite, de moto próprio, a sua condição de arguido, beneficiando de todos os direitos especiais que essa condição lhe confere, nomeadamente o direito ao silêncio e ao de não dizer a verdade, bem como à obrigatoriedade de ser acompanhado por um advogado nas suas declarações ante a autoridade judicial, pois (embora isso não sejam contas do meu rosário) penso que já falou de mais. E a justiça que tarda mas não falta lho irá relembrar na altura oportuna. Que gostaríamos fosse em período posterior às eleições.

Finalmente uma palavra, porque na minha terra quem não se sente não é filho de boa gente, para as críticas que os Drs. Ulisses Pereira e Miguel Fernandes publicamente fizeram à divulgação que foi feita neste blogue relativamente a este negócio. Disse este, na sua costumeira pose de garnizé destravado, que eu tinha acusado e difamado sem provas. Pois as provas estão à vista caro Dr. E deve ter verificado que o que eu disse tem vindo a ser paulatinamente confirmado pelos acontecimentos e até pelos sucessivos comunicados públicos das partes envolvidas. E desafio-o a indicar qualquer facto que eu tenha relatado que não corresponda à verdade.

O Dr. Ulisses Pereira, mais sabidola nestas coisas, acusou-me de ter a ousadia de tornar públicos telefonemas privados, mesmo sabendo qual é o meu posicionamento nessa matéria, uma vez que já teve telefonemas comigo de que solicitou privacidade que eu sempre respeitei. Mas acusou-me mal. De facto as mensagens a que se refere (ver aqui e aqui) correspondem a parte (parte repito) das conversas que, entre outras, tive com vários altos dirigentes do Beira-Mar. Conversas que, face à gravidade do que ouvi, solicitei autorização para publicar. E fique a saber que essa autorização me foi pessoalmente concedida, pelo que aguardo o seu breve pedido de desculpas. Que eu aceitarei pois, como sabem, nestas matérias (como noutras), sou magnânimo.