Mas as crianças Senhor, porque lhes dais tanta dor, porque padecem assim?

Amanhã reúne-se novamente a Assembleia Municipal de Aveiro. E como eu gostaria de lá estar. Vai-se, certamente discutir a Comunicação Escrita do Presidente e o Relatório de Gestão, Prestação de Contas, Balanço Social e Inventário dos Bens, Direitos e Obrigações Patrimoniais e Respectiva Avaliação, relativos ao ano de 2008.

Tudo matérias em que gosto particularmente de intervir. Mas, às 2as feiras, é-me impossível comparecer por dar aulas das 14 às 23h, como já tinha comunicado à Sra. Presidente da Mesa. E, para além do seu carácter prioritário, nas aulas sempre aprendo alguma coisa com os meus alunos.

Daí a minha pena de não poder estar presente e ouvir o Sr. Vereador das Finanças informar o plenário que de acordo com as contas, o ano de 2008 foi um sucesso, enquanto o Sr. Presidente declara que, financeiramente, foi um desastre, que o dinheiro do empréstimo está quase todo gasto e que as dívidas continuam a aumentar (pelo menos é o que vem transcrito na sua comunicação - vd pp. 19-20). Isto sem falar nas empresas cujo capital social é detido na totalidade pelo município que, como sabemos, estão em situação de falência e necessitam de urgentes injecções de capital (que não há porque o famoso Plano de Recuperação Financeira, como esperávamos, não funcionou).

Mas do que eu realmente tenho pena é de não poder perguntar ao Dr. Élio Maia quando é vai acabar com a sua peregrina e irracional ideia de constituir uma Parceria Público Privada para implementação da Carta Educativa (ideia que recebeu o nosso mais vivo repúdio), aceita os conselhos do Partido Socialista e prepara o dossier para concorrer aos subsídios do QREN e para recorrer à banca de molde a obter o financiamento do restante (estes valores são financiáveis pois não contam para a capacidade de endividamento) e arranca com as obras.

De facto, continuar conscientemente a persistir neste erro crasso, só para não dar razão à oposição, enquanto Aveiro continua a ter escolas que envergonham alunos e professores com salas frias e húmidas, recreios despojados, retretes do século passado, quadros eléctricos desprotegidos, refeitórios com telhados em lusalite, etc, etc, ultrapassa os todos os limites da incompetência e da teimosia.

É necessário não esquecer que no âmbito do Regulamento Específico Requalificação da Rede Escolar de 1º Ciclo do Ensino Básico e da Educação Pré-Escolar, já foram aprovados 121 projectos distribuídos por 4 avisos de concurso, envolvendo um investimento total de 209,9 milhões de euros e todos estes projectos, que se encontram em diferentes estádios de desenvolvimento, quer quanto ao processo concursal quer quanto à execução física (como os de Santa Comba Dão e Anadia que acima apresentamos) têm os respectivos contratos de financiamento a fundo perdido celebrados com o QREN, envolvendo um investimento Feder de 100,7 milhões de euros.

No âmbito deste Regulamento o Concelho de Ílhavo, por exemplo, já adjudicou a construção do novo Centro Escolar da Senhora do Pranto, a construção do novo Centro Escolar da Cale da Vila, a ampliação do Centro Escolar de Vale de Ílhavo, a ampliação do Centro Escolar da Presa-Légua e a ampliação do Centro Escolar da Coutada.

Enquanto isso o Dr. Élio Maia aguarda, numa pose ridícula que a todos nos faria rir se não prejudicasse de forma tão trágica o futuro das nossas crianças), o resultado de um estudo para decidir sobre parcerias nas escolas.

Está na altura dos Aveirenses dizerem basta. Está na altura de pôr cobro a esta malfadada situação.

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Nota: “Cheira-me” que o estudo para o Dr. Élio Maia mandou fazer para saber o que deveria fazer ao universo empresarial municipal e quais as empresas a privatizar (digo deveria porque espero que os Aveirenses, não lhe renovem o mandato) vai recomendar a constituição de uma holding municipal ou algo de semelhante. Mas depois conto-vos porquê.

E, já agora. Afirmei no início deste post que, em todas as aulas, aprendo sempre alguma coisa com os meus alunos. É uma verdade que não oculto. E quando o Dr. Pedro Ferreira se veio publicamente oferecer para me dar umas lições de gestão eu fiquei-lhe muito agradecido. Não é todos os dias que temos a possibilidade (para além do mais gratuita) de aprender com um ilustre gestor municipal. Mas sempre lhe digo que já me podia ter ensinado alguma coisa durante as aulas de Economia Monetária e Financeira Internacional que, em 1990, dei ao 4º ano do Curso de Relações Internacionais da Universidade do Minho que, a par de outras, tive a subida honra de ser convidado para leccionar. Só que nessa altura o Dr. Pedro Ferreira era ainda caloiro do curso e não cruzámos opiniões. Azar o meu.