O "cluster" do lixo

Na última Assembleia Municipal o Presidente da Assembleia de Freguesia de Nossa Senhora de Fátima, Manuel Vieira, na meritória missão de porta-voz de todos os habitantes da sua freguesia que se comprometeu defender e que sem pretender do facto retirar qualquer dividendo aqui quero realçar, apresentou um estudo elaborado pelo Departamento de Ambiente da Universidade de Aveiro que alerta para as inúmeras preocupações ambientais resultantes da instalação de uma Unidade de Tratamento Mecânico Biológico de resíduos sólidos urbanos (e do aterro anexo).

Nada para que não venhamos, repetidamente, a alertar.

Porém, quando se esperava por parte da Câmara, e particularmente do Administrador da Ersuc Dr. Pedro Ferreira, a demonstração da não existência de graves riscos ambientais e o compromisso de serem rigorosamente reequacionados e monitorizados o Dr. Élio Maia pouco mais adiantou que dizer que aquela não era “uma forma séria de tratar um assunto tão importante”, como se o estudo técnico apresentado não fosse (muito) sério, e o Eng.º Carlos Santos declarou-se “ofendido por a Câmara não ter sido informada sobre o parecer”, considerando tratar-se de “uma deslealdade” esquecendo-se que muitas vezes os Aveirenses (e particularmente os elementos da oposição) são confrontados com decisões baseadas em estudos que não são previamente distribuídos e que os autarcas das Juntas de Freguesia (mesmo os eleitos pelas listas da Coligação) não são meros serventuários da Câmara e que devem, acima de tudo, defender até à exaustão, mesmo que isso possa criar alguns engulhos políticos, os interesses dos seus fregueses.

Do Dr. Pedro Ferreira vereador com particular conhecimento e interesse nesta matéria nem chus nem mus, não fora qualquer palavra menos conseguida perturbar o desenvolvimento do seu “cluster do lixo” em que, por cada vez menos misteriosas razões, tanto aposta.

Ficou por fazer o verdadeiro debate. E as preocupações das populações ficaram sem resposta.

Mas num Abril em que se inaugurou, em Santa Comba, o largo Oliveira Salazar, comendo o porco no espeto, já nada me admira. Nem na capital da Liberdade.