Como avalia o memorando de entendimento que visa regular a relação entre o Município e o Beira-Mar?
Em Portugal existe uma atávica relação de promiscuidade entre a política e o futebol. Na mira de se apropriarem da notoriedade que este oferece, alguns políticos procuram, de forma mais ou menos velada, contornar o impedimento legal da atribuição de subsídios ao futebol profissional, alimentando os seus faraónicos orçamentos e os seus, normalmente deficitários, resultados de exploração, na esperança de repartirem o fulgor público de eventuais sucessos desportivos.
Embora reconheçamos o importante papel que os Clubes de Futebol podem realizar na nossa sociedade, entendemos que a política não pode ser refém do futebol e ansiamos pelo dia em que o poder político se afirme e o coloque no mesmo plano dos outros sectores e que, na atribuição de apoios ao futebol, se passem a utilizar critérios de rigor, transparência, equidade e respeito pelos dinheiros dos contribuintes, idênticos aos que devem ser aplicados aos sectores social, cultural e económico.
Ao pretender resolver todos os problemas em aberto e, simultaneamente, definir o futuro da relação entre a autarquia, a EMA e o Beira-Mar, o “memorando de entendimento” espelha, de forma exemplar, o “modus operandi” a que este executivo nos habituou. Confrontado com a necessidade de tomar uma decisão incómoda, o Dr. Élio Maia, primeiro evita-a, depois adia-a até ao limite e, quando já não lhe é possível justificar o adiamento por mais tempo, propõe a imediata votação de um acordo de contornos pouco claros, na ânsia da oposição o “chumbar” e, assim, poder lançar sobre ela as culpas da não resolução do problema.
Esperamos que com a aprovação do ”memorando” a maioria apresente, rapidamente, uma proposta que ofereça uma solução que permita resolver, de forma clara e transparente esta questão, proposta que deve ser discutida e votada em reunião camarária a que a maioria forneça quórum. E como é impossível solver a razão invocada pelo Dr. Capão Filipe para se ausentar da última reunião, terá de ser resolvida previamente a situação do Dr. Caetano Alves, simultaneamente vereador e dirigente do Beira-Mar, para que a reunião obtenha esse pré-requisito deliberativo essencial.
Gostaríamos, no entanto, de fornecer alguns contributos que consideramos essenciais, para a elaboração da solução:
1- A proposta deve conter o apuramento e quantificação de todas as dívidas da EMA e da CMA (que deverão ser rapidamente pagas apesar dos constrangimentos financeiros existentes), bem como a quantificação de todos os direitos existentes.
Embora reconheçamos o importante papel que os Clubes de Futebol podem realizar na nossa sociedade, entendemos que a política não pode ser refém do futebol e ansiamos pelo dia em que o poder político se afirme e o coloque no mesmo plano dos outros sectores e que, na atribuição de apoios ao futebol, se passem a utilizar critérios de rigor, transparência, equidade e respeito pelos dinheiros dos contribuintes, idênticos aos que devem ser aplicados aos sectores social, cultural e económico.
Ao pretender resolver todos os problemas em aberto e, simultaneamente, definir o futuro da relação entre a autarquia, a EMA e o Beira-Mar, o “memorando de entendimento” espelha, de forma exemplar, o “modus operandi” a que este executivo nos habituou. Confrontado com a necessidade de tomar uma decisão incómoda, o Dr. Élio Maia, primeiro evita-a, depois adia-a até ao limite e, quando já não lhe é possível justificar o adiamento por mais tempo, propõe a imediata votação de um acordo de contornos pouco claros, na ânsia da oposição o “chumbar” e, assim, poder lançar sobre ela as culpas da não resolução do problema.
Esperamos que com a aprovação do ”memorando” a maioria apresente, rapidamente, uma proposta que ofereça uma solução que permita resolver, de forma clara e transparente esta questão, proposta que deve ser discutida e votada em reunião camarária a que a maioria forneça quórum. E como é impossível solver a razão invocada pelo Dr. Capão Filipe para se ausentar da última reunião, terá de ser resolvida previamente a situação do Dr. Caetano Alves, simultaneamente vereador e dirigente do Beira-Mar, para que a reunião obtenha esse pré-requisito deliberativo essencial.
Gostaríamos, no entanto, de fornecer alguns contributos que consideramos essenciais, para a elaboração da solução:
1- A proposta deve conter o apuramento e quantificação de todas as dívidas da EMA e da CMA (que deverão ser rapidamente pagas apesar dos constrangimentos financeiros existentes), bem como a quantificação de todos os direitos existentes.
2- Não deverá, em princípio, prever pagamentos ou acertos de contas em valores patrimoniais e, se tal acontecer, estes deverão ser previamente avaliados por entidade externa idónea.
3- Deverão ser evitados ónus sobre o Estádio (e a EMA) que possam impedir ou limitar a sua possível integração no PDA.
4- Relativamente à ocupação do estádio pelo Beira-Mar, deverá ser elaborado um protocolo de gestão especificando as obrigações e direitos das partes e, na eventualidade da Câmara ter de comparticipar em algumas despesas, deve discriminar integralmente a razão desses valores, demonstrando que não escondem qualquer subsídio encapotado ao futebol profissional.
Publicado no DA, 17/10/2007
12 Comments:
Finalmente alguem que põe o dedo na ferida e diz que o Rei vai nu. O Caetano Alves tem de assumir e demitir-se. Força Raul
NB
Já não ficamos admirados. Há quem comente a maneira como foi constituída a Sociedade AveiroBasket. Alguns credores pressionaram para poder receber "algum" que tinham lá metido. São sempre os mesmos! A História repete-se... Quanto ao Protocolo, achamos que deve ser deliberado por toda a Câmara (9). Todos têm que ficar comprometidos. E esta da Rota da Luz não querer pagar a Jantarada em Espanha???
Dr. Raul Martins,
As propostas, ou seja a substancia e é sobre ela que me quero pronunciar, parecem refletir apenas os interesses de uma das partes. É bom não esquecer que a Camara tem que negociar com o Beira Mar com base num pressuposto muito importante: quatro(?) protocolos em vigor.
Concordo em absoluto com o primeiro ponto, duvido que o Beira Mar aceite o terceiro.
Se conseguir obter mais informação, prometo que voltarei ao comentário.
Cumprimentos.
Borges Coutinho
também a este propósito li num blog sobre o Beira-Mar este comentário "... Neste momento o Beira-Mar clube que atingiu diversos pontos altos não tem património nem nunca terá pois a propalada dívida não existe e os terrenos da piscina não podem ser doados sem contrapartidas aceites e razoáveis aos olhos do Tribunal de Contas que tem de aprovar antecipadamente as operações anunciadas. Mesmo a entrega da gestão do Estádio da EMA ao Beira-Mar tem de ser objecto de um concurso público não podendo ser entregue directamente ao clube. Estamos a falar de verbas comunitárias que foram utilizadas para proveito da comunidade e com a contribuição fiscal da comunidade.
NO CASO DE SER ENTREGUE O ESTÁDIO AO BEIRA-MAR a decisão pode ser facilmente impugnada por qualquer entidade privada ou mesmo pública...". Se quem escreveu tem razão... está tudo dito! andré santos
falta dizer que o blog é o bancada norte e quem escreve assinou carlinhos. Obrigado. André
Mais uma vês, o Dr. Raúl Martins, vem ensinar e chamar à atenção desta Camara, de tomadas de posição de tamanha incompetencia.
Será que eles nunca abrem os olhos?
Dêem-lhes dinheiro para o futebol e eles abdicam de tudo ( piscinas, pavilhão ) são encargos que não interessam a ninguém. A câmara que faça a conservação do elefante branco e está tudo resolvido. Dinheiro para pagar aos jogadores e sem encargos e está tudso certo. Mai nada. Prá frente futebol e que se f... o desporto.
Comentário ao primeiro parágrafo (se o Dr. tiver coragem para o publicar): é claramente dedicado ao anterior presidente e ao seu "acólito menor" (expressão utilizada em AM muito recentemente).
Por dois motivos:
a) só assim se explica terem assinado um protocolo entre a CMA e o "Beira", por 20 anos, a 500.000,00€/ano, isto é, num valor total de 10.000.000,00€. Mais ainda porque esse protocolo estabelece que são cedidas ao clube as áreas desportivas e depois lhes retira uma parte - os camarotes, em contrapartida dos 500.000,00€/ano. Basicamente, arrenda-se uma coisa de que se é proprietário. Curioso, não?
b) Está mais que provado que o Beira Mar, infelizmente, não vai a lado nenhum (ou talvez para a 3ª divisão, se não tiver cuidado). Isso é mais evidente nos últimos 2 anos e portanto a Câmara actual sabe que não vai fazer qualquer tipo de flores com os resultados do clube. Já no "reinado" anterior esta situação não era tão evidente e, portanto, mais propicia a estas situações.
Agora releiam o parágrafo: "Em Portugal existe uma atávica relação de promiscuidade entre a política e o futebol. Na mira de se apropriarem da notoriedade que este oferece, alguns políticos procuram, de forma mais ou menos velada, contornar o impedimento legal da atribuição de subsídios ao futebol profissional, alimentando os seus faraónicos orçamentos e os seus, normalmente deficitários, resultados de exploração, na esperança de repartirem o fulgor público de eventuais sucessos desportivos."
Tenho ou não razão?
Tem coragem de publicar este comentário, Dr. Raúl Martins? Se tiver, outros se lhe seguirão...
Doutor,
Só lamento o PS ter votado este documento que é a desgraça de uma instituição com mais de 80 anos.
´Saíam como os outros e eles que ficassem com o caixão.
Comentário ao 2º parágrafo...
Mas afinal, que importante papel é esse que o Beira Mar tem feito por Aveiro? E não teria sido principescamente pago com a cedência das instalações no novo estádio? Era necessário ainda a atribuição de 500.000,00€/ano?
E atenção que não contesto subsídios à formação. Mas gostaria que já tivessem sido aplicadas as novas regras. Claro que é certo e sabido que, a aplicá-las, o "Beira" levava uma bela duma machadada. Tenho quase a certeza que clubes como o Taboeira passavam a receber um apoio financeiro superior. Mas Jorge Greno, como era seu costume, apregoava mais do que fazia. E o novo vereador do desporto? Se o "negócio" do estádio não fosse para a frente, teria coragem de as aplicar?
Uma terceira nota: A CMA dá subsidios a mais. Qualquer gato pingado acha que é obrigação dela subsidiar actividades que não têm sentido, não têm público e, numa grande maior parte dos casos, não têm utilidade nenhuma senão satisfazer o ego de alguns. A CMA não pode ser a principal fonte de financiamento das instituições sociais, desportivas ou culturais do concelho. Esses senhores (do desporto, da cultura e das instituições sociais) andam a obrigar todos os munícipes a suportar financeiramente actividades sem interesse nenhum, numa grande parte dos casos. Não deveria ser essa a função da CMA.
Uma lembrança: Alberto Souto, um belo dia, resolver cancelar subsídios com que se tinha comprometido e que estavam em atraso. Também não concordo com esta postura mas foi um laivo de realismo que na altura teve...
2º Parágrafo: "Embora reconheçamos o importante papel que os Clubes de Futebol podem realizar na nossa sociedade, entendemos que a política não pode ser refém do futebol e ansiamos pelo dia em que o poder político se afirme e o coloque no mesmo plano dos outros sectores e que, na atribuição de apoios ao futebol, se passem a utilizar critérios de rigor, transparência, equidade e respeito pelos dinheiros dos contribuintes, idênticos aos que devem ser aplicados aos sectores social, cultural e económico."
3º Parágrafo (e, para comentar este não vai chegar um post...):
"(...) Confrontado com a necessidade de tomar uma decisão incómoda, o Dr. Élio Maia, primeiro evita-a, depois adia-a até ao limite e, quando já não lhe é possível justificar o adiamento por mais tempo, propõe a imediata votação de um acordo de contornos pouco claros, na ânsia da oposição o “chumbar” e, assim, poder lançar sobre ela as culpas da não resolução do problema."
Do que aqui é dito, devo depreender que o PS é contra este memorando mas não quis manifestar-se nesse sentido para não ficar com o ónus de ser acusado de culpado pela não resolução da questão? É que essa atitude é de manifesta cobardia...
Ou, por acaso, o Dr. está a insinuar que o Élio Maia está a propor um acordo com o qual ele próprio não concorda?
Não percebi muito bem o que quer dizer mas penso que compreendo as intenções de Élio Maia - uma solução barata e a contento de todos (já que ninguém, PS incluído, vai ter coragem de manifestar que a principal situação - passagem da gestão do novo estádio para o "Beira", é uma m... de uma solução!
(Continua...)
4º Parágrafo: "Esperamos que com a aprovação do ”memorando” a maioria apresente, rapidamente, uma proposta que ofereça uma solução que permita resolver, de forma clara e transparente esta questão, proposta que deve ser discutida e votada em reunião camarária a que a maioria forneça quórum. E como é impossível solver a razão invocada pelo Dr. Capão Filipe para se ausentar da última reunião, terá de ser resolvida previamente a situação do Dr. Caetano Alves, simultaneamente vereador e dirigente do Beira-Mar, para que a reunião obtenha esse pré-requisito deliberativo essencial."
Mas porquê, Dr? Não poderá a solução vir a ser aprovada pelos vereadores do PS? Ou não querem ser co-responsáveis pela solução? É que, se assim for, o PS perde a vantagem da táctica "dar-lhes corda para se enforcarem", não é? Pois é... Grande dilema...
E será que o Élio Maia vai deixar ficar-se "nas mãos" do PS relativamente a esta matéria? Se verdadeiramente estiver interessado na aprovação de uma solução nos moldes apresentados, não vai deixar isso acontecer, certo? Não me parece o tipo de pessoa que deixe cair uma solução por falta de quorum. E aliás, quem são os grandes interessados na aprovação de uma solução que traga "dinheiro já" para o Beira Mar, de entre todos os vereadores, com ou sem pelouros? No entanto, dada a próximidade do Eng.º Roque com os elementos da bancada socialista na AM (e posterior visita do presidente do BM aos deputados, certamente a conselho dele) faz-nos indiciar que pode haver mais que dois vereadores interessados...
Curioso mesmo é que o "memorando" inicial tenha sido negociado entre o Roque (funcionário da CMA, como já era antes, mentor do anterior protocolo, muito lesivo para os interesses da instituição para a qual trabalha e em representação do "Beira") e pelo Greno (ex-dirigente do BM, que, diga-se, teve algum bom senso ao afastar-se formalmente do clube, ao contrário do seu sucessor).
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