quarta-feira, junho 10, 2009

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As sondagens estavam certas, o erro foi dos eleitores


As primeiras sondagens especifiamente dirigidas ao voto nas europeias indicaram logo uma brusca redução da diferença entre PS e PSD relativamente aos inquéritos que interrogavam os eleitores sobre as suas intenções relativamente às legislativas.

Suponho não ser necessário explicar o que isto queria dizer.

Fechadas as urnas, verifica-se que as sondagens previram com grande precisão o voto no PSD, no BE e no PCP, mas sobre-estimaram entre 6 a 10 p.p. o voto no PS. Ao mesmo tempo, o voto branco e nulo chegou aos 6,63%.

Escutámos nos últimos dias brilhantes análises sobre o que se passou e o que irá passar-se, cujo único defeito foi ignorar este facto objectivo básico: entre 6 a 10% dos eleitores cuja preferência ia para o PS nas eleições acabaram por não votar ou votar branco/ nulo.

Isto é muito chato, porque atrapalha a narrativa fantasiosa que desde domingo à noite tomou conta dos media, segundo a qual:


1. O voto nas passadas europeias é um indicador seguro do voto nas próximas legislativas.

3. Terminou o ciclo político do PS e de Sócrates.

4. Os eleitores renderam-se à Verdade de Manuela Ferreira Leite.

5. Rangel é um menino prodígio da política nacional.

6. A campanha eleitoral do PSD foi genial.


Por outras palavras, might is right ou tudo o que é real é racional.

Numa coisa, porém, têm razão os comentadores: a vitória, real ou imaginária, merecida ou fortuita, segura ou trémula, altera as condições subjectivas do combate político, na medida em que a embriaguez do triunfo desencadeia um impulso mobilizador proporcional ao desânimo que até agora prevalecia no PSD.

Vemos assim como estavam enganados aqueles eleitores que acreditavam poder compensar em Outubro a tolice que agora fizeram. Em política, como na generalidade da acção humana, o que é feito não pode ser desfeito sem custo ou dor.



João Pinto e Castro

5 Comments:

At quinta-feira, junho 11, 2009 8:17:00 PM, Anonymous Anônimo said...

Lembra as sondagens: João Vale e Azevedo Vs Manuel Vilarinho.

O primeiro ganhou na pré-época. O segundo ganhou o campeonato.

 
At quinta-feira, junho 11, 2009 10:42:00 PM, Anonymous Anônimo said...

De súbito o eleitorado resolve baralhar as contas, melhor, os factos. Por uma razão ambivalente, todavia: - A obstante franja tolerante à actividade pilítica não vai às urnas, não se reconhece suficientemente persuadida - resultante da falta de chama dos actores. Não interpreta as causas da crise e deixa-se tomar por incurável apatia;
- Outra mancha, robustamente consciente e poderosa, já outrora mobilizada pela extraordinária dialética de Sócrates, e que lhe haveria de prescrever a maioria parlamentar, ora não persuadida, pela citada insuficiência dos actores, resolve reservar-se cautelosamente à esquerda. Fundo de luxo de retorno absoluto.
Deste raciocínio poderá resultar, com clareza, o quadro de Outubro próximo. E acresce que poderemos contar com outro elenco.
Carlos Inocenttes

 
At sexta-feira, junho 12, 2009 12:19:00 PM, Anonymous Anônimo said...

As sondagens dão uma indicação de voto aos eleitores quando apontam quem deverá ficar em 1º, 2º, 3º lugares e as respectivas percentagens de voto. Só por isso deveriam ser proíbidas e são-no em alguns países. Além disso, estão a tornar-se suspeitas de serem mal feitas ou pouco sérias porque se enganam sempre relativamente aos pequenos partidos, os quais vêm a ter sempre mais votantes do que os indicados nas tais sandagens.

Uma boa boa parte do eleitorado acaba por ser induzido a escolher apenas de entre os partidos que são apontados nas sondagens como a ficar em 1º ou 2º lugares. E assim se influência o resultado da votação, sempre no sentido apontado pelas sondagens. Trata-se de uma tendência desportiva, porque aí ou se ganha ou se perde. Mas na política não é bem assim, pois quem fica em 2º, 3º ou 4º lugares também influência o poder e essa influência é tanto maior quanto maior for a representatividade. Apenas não contam os votos que não chegam para eleger representação na assembleia.
Ganhar com maioria absoluta também é muito diferente de ter que procurar uma coligação ou governar sem ela, pois assim terá que ceder e ter em conta outras políticas. Por vezes nem isso é possível fazer uma coligação e governar na dependência do voto parlamentar é a única solução que é também a mais democrática.

Além disso, os grandes partidos costumam atrair a si grupos de interesses que influuenciam a orientação da governação e isso chama-se de corrupção. Ora aí está mais uma razão para não se votar massivamente num qualquer partido.

Zé da Burra o Alentejano

 
At sexta-feira, junho 12, 2009 1:21:00 PM, Anonymous Anônimo said...

E viva a democracia PS Dr Raul.
Por isso é que PS JAMÉ...

 
At domingo, junho 14, 2009 9:11:00 PM, Anonymous Anônimo said...

depois de ter fechado hospitais em todo o pais, ter declarado guerra aos funcionarios publicos, professores, policias, caso freeport, licenciatura, agricultura será que ainda estava a contar ganhar as eleições? POR AMOR DE DEUS

 

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