domingo, fevereiro 04, 2007

VAIDOSA


Dizem que tu és pura como um lírio
E mais fria e insensível que o granito,
E que eu que passo aí por favorito
Vivo louco de dor e de martírio.

Contam que tens um modo altivo e sério,

Que és muito desdenhosa e presumida,
E que o maior prazer da tua vida,
Seria acompanhar-me ao cemitério.



Chamam-te a bela imperatriz das fátuas,

A déspota, a fatal, o figurino,
E afirmam que és um molde alabastrino,
E não tens coração como as estátuas.

E narram o cruel martirológio

Dos que são teus, ó corpo sem defeito,
E julgam que é monótono o teu peito
Como o bater cadente dum relógio.

Porém eu sei que tu, que como um ópio

Me matas, me desvairas e adormeces,
És tão loira e doirada como as messes,
E possuis muito amor... muito amor-próprio.

Cesário Verde

2 Comments:

At segunda-feira, fevereiro 05, 2007 11:17:00 AM, Blogger Terra e Sal said...

Meu Caro Dr. Raul Martins:
Verifico que está ultimamente virado para a poesia e tem-nos trazido aqui poemas que transmitem sentimentos interessantes, pena eu não descobrir onde se vai inspirar.

Penso que não é nas matas de espingarda ao ombro a assobiar essas harmoniosas melodias, já que, para surpreender os porcos selvagens, o silêncio é a "alma do negócio"...

Ora como eu me dedico à pesca, naturalmente enquanto espero que os bichos mordam o isco assobio os versos, que componho e improviso mentalmente, até porque, nunca vi peixe nenhum com orelhas e portanto, não os espanto...

Este fim de semana fui ali para a praia do Areão, porque no concelho de Ilhavo, jurei nunca pescar, e imagine que, enquanto esperava que as solhas e linguados mordessem o isco, que nesta altura abundam na desoba e naqueles lados, saíu-me esta versalhada em que nem as sílabas contei:

ENTÃO AQUI VAI:

Não importa se és feia linda ou do estrangeiro
E se por isso te sentes indultada de mil improcedências:
É que podes estar num camarote, camarim ou vespeiro,
Mas é no mocho que todos pagamos as incompetências

Entusiasma-te minha cega com olés de galifões imprudentes,
Insurge-te minha acéfala contra tudo a que a lei te obriga
Ó pensadora de vistas curtas:- ser burra não é ser excelente
Vives assombrada e nem imaginas que não passas d’uma lombriga.

Vives sonhos de uma turista doida e caduca
Coadjuvas os outros nas incapacidades de aldrabões
Pobre criatura podes cavalgar neles como uma maluca
Mas não penses que é tão fácil assim desse modo, montar centuriões.

Foi o que saíu enquanto fazia a respectiva caldeirada que, diga-se, foi mesmo boa.

Cumprimentos.

 
At terça-feira, fevereiro 06, 2007 7:40:00 PM, Blogger Terra e Sal said...

Deixe-me cumprimentar aqui o Marechal Caro Dr. Raul Martins

Ó Senhor Marechal:

O meu amigo tem dotes advinhatórios...
Efectivamente o almoço foi feijoada, mas saiba que, quando falo em “caldeirada” refiro-me” ao peixe pescado, àquele que se trás para casa...
Já vi que o meu amigo nem caça nem pesca, mas olhe que parece ter jeito para uma coisa e outra...

A título elucidativo, informo-o de que, nestas alturas do ano, até Março, sai muita “solha e linguado” andam “acamados como cabelo” e cheiinhas...
Se quiser eu ensino-o a pescar...
Saiba que, a tainha é talvez o peixe mais difícil de pescar, tem de se saber engodar muito bem a área...

Quando ela se apercebe do engodo, já é tarde, porque entretanto foi fisgada...
Como em tudo, o que é preciso é ter paciência...

Mas compensa, e eu gosto de as "sacar" porque são uma “lixadinhas”...

Cumprimentos Caro Dr. Raul
Um abraço Senhor Marechal

 

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