O Peixe

Tendo por berço o lago cristalino,
Folga o peixe, a nadar todo inocente,
Medo ou receio do porvir não sente,
Pois vive incauto do fatal destino.
Se na ponta de um fio longo e fino
A isca avista, ferra-a inconsciente,
Ficando o pobre peixe de repente,
Preso ao anzol do pescador ladino.
O camponês, também, do nosso Estado,
Ante a campanha eleitoral, coitado!
Daquele peixe tem a mesma sorte.
Antes do pleito, festa, riso e gosto,
Depois do pleito, imposto e mais imposto.
Pobre matuto do sertão do Norte!
Patativa do Assaré
1 Comments:
Atente-se neste hino ao cubismo berensteineano - poesia marginal. À margem fica o cerne da metáfora, e aqui grande metáfora.
Dizem ainda alguns pretensos cubistas que o soneto soa a calça vincada, com demasiadas pregas. Perderam a oportunidade de ler da melhor poesia portuguesa. Revejam-se neste cosmos de imagem...
Cumprimentos,
Carlos Inocenttes
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